25 fev, 2025 - 11:00 • Aura Miguel , enviada a Roma
“Caminhemos juntos na esperança” é o tema da Mensagem que o Papa escreveu para Quaresma deste ano, uma mensagem “enriquecida pela graça do Ano Jubilar”, como escreve Francisco num texto publicado esta terça-feira, mas com a data de 6 de Fevereiro, portanto, antes ainda do internamento.
O Papa oferece algumas reflexões sobre o que significa “caminhar juntos na esperança” e sublinha apelos à conversão.
O primeiro apelo passa por reconhecer que todos somos peregrinos na vida. Por isso, o Papa interpela: “Como vivo esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade?”
Francisco propõe a todos, como exercício quaresmal, “confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom 'exame' para o viandante”.
Em segundo lugar, o Papa sublinha a importância de caminhar juntos, ou seja, ser sinodal, pois “é esta a vocação da Igreja”. E acrescenta: “Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus; significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído."
Francisco propõe ainda, como terceiro passo, que se caminhe juntos na esperança de uma promessa. “A esperança que não engana" é mensagem central do Jubileu. Por isso, o apelo à conversão implica confiança em Deus e na sua grande promessa, a vida eterna.
“Devemos perguntar-nos: estou convicto de que Deus me perdoa os pecados? Ou comporto-me como se me pudesse salvar sozinho? Aspiro à salvação e peço a ajuda de Deus para a receber? Vivo concretamente a esperança que me ajuda a ler os acontecimentos da história e me impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás?”, interroga o Papa.
Por fim, Francisco recorda que a esperança é “a âncora da alma, inabalável e segura” e, reforçando a urgência da conversão, concluiu com uma frase de Santa Teresa de Jesus: "Espera, espera, que não sabes quando virá o dia nem a hora. Vela com cuidado, que tudo passa com brevidade, embora o teu desejo faça o certo duvidoso e longo o tempo breve".