01 mar, 2025 - 18:18 • Lusa
A expressão "todos, todos, todos", que o Papa repetiu na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, ecoou este sábado no Santuário de Fátima, onde jovens em representação das 21 dioceses do país pediram saúde para Francisco.
"(...) O momento em que o Papa Francisco disse essa frase foi muito importante, para os jovens perceberem que todos os jovens têm um lugar na Igreja e que não há grupos diferentes", afirmou Maria Lobo, de 23 anos, da Diocese de Aveiro.
Como outros jovens, Maria Lobo foi rezar à Capelinha das Aparições pelo Papa, internado desde 14 de fevereiro, num hospital de Roma.
"Queremos que esteja bem e viemos rezar pela saúde dele, principalmente", disse a jovem, comparando a fragilidade atual de Francisco, de 88 anos, com a do mundo.
"Num momento de grande fragilidade também mundial, com muitos conflitos que estão a acontecer, o Papa Francisco continua a ser uma pessoa apaziguadora. A minha maior preocupação é que não se consiga fazer o caminho que se está a fazer para a paz no mundo", adiantou Maria Lobo.
A recitação do terço foi uma iniciativa do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil com os secretariados diocesanos e pretendeu ser um momento de ligação à "rede mundial de oração" pelo Papa, declarou o diretor daquele departamento, Pedro Carvalho.
Leandro Vala, de 21 anos, da Diocese de Leiria-Fátima, admitiu que "é difícil ver o Papa, que foi revolucionário em tantos aspetos, a passar por este momento".
"Viemos pedir pela saúde e pela sua recuperação", adiantou.
A recitação do terço, a que assistiram dezenas de peregrinos, foi presidida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas.
Aos jornalistas, José Ornelas declarou que o momento de oração em Fátima tem "um duplo significado", o primeiro por terem sido os jovens a tomar a iniciativa.
Depois recuou a agosto de 2023, por ocasião da JMJ e da presença do Papa na Capelinha, onde Francisco disse que "é uma Igreja que não tem muros, que acolhe a todos, todos todos".
"Pois agora são esses todos, todos, todos que também se juntam à volta do seu leito de enfermo, assumindo tudo aquilo que isso significa, mas pedindo a Deus que esteja com ele e que o acompanhe nesta hora de sofrimento, mas que é uma hora também para a Igreja de se unir em torno disso e da esperança que a nossa fé nos dá", referiu José Ornelas.
O prelado considerou que o acolhimento de todos é uma das marcas do pontificado de Francisco, sendo que nos tempos atuais é mais do que necessário quando se veem "sinais de divisão por todo o lado, de muros que se colocam à livre movimentação das pessoas".
O bispo de Leiria-Fátima referiu ainda que o Papa já "se curou de muitas crises e de muitos problemas", desejando vê-lo a "levar por diante este caminho que tem na Igreja".
Também presente, o bispo da Diocese de Setúbal, cardeal Américo Aguiar, reconheceu o "momento de especial fragilidade" de Francisco, para lembrar que o Papa pede, "como sempre pede, mesmo quando está bom", para se rezar por ele.
Américo Aguiar defendeu, por outro lado, que não se pode "olhar e viver a fragilidade e a doença de alguém com um calendário e uma agenda que não é propriamente nem a de Deus, nem a dos homens e mulheres de boa vontade".
O Papa Francisco esteve duas vezes no Santuário de Fátima, a primeira em maio de 2017, no centenário dos acontecimentos na Cova da Iria, e a segunda por ocasião da JMJ.
Em 03 de agosto de 2023, em Lisboa, o Papa garantiu aos milhares de jovens que se encontravam no Parque Eduardo VII, em Lisboa, que "na Igreja há espaço para todos", para "jovens e velhos, saudáveis e doentes, justos e pecadores, todos, todos, todos".
O Papa Francisco foi internado na sequência de uma infeção respiratória.
Hoje, o Vaticano divulgou que o chefe da Igreja Católica passou uma "noite tranquila", mas o prognóstico permanece reservado.