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Bispo de Angra alerta para os sinais de um mundo “radicalizado, cheio de discursos prepotentes e ameaçadores”

04 mar, 2025 - 13:16 • Olímpia Mairos

A renúncia quaresmal destina-se ao projeto Melika, em Angola, e ao Fundo de Emergência para Apoio aos Grupos Caritativos das paróquias da diocese.

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Na mensagem da Quaresma-Páscoa, intitulada ‘Conduzidos pelo Espírito” o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, contata que a Quaresma deste ano inicia com “desafios tão grandes que colocam toda a Igreja de joelhos diante de Deus de quem espera o auxílio”.

Há um mundo em guerra ou a preparar-se para ela, alterações no quadro político e social global que lançam medo onde era preciso esperança. Muitos pobres e irmãos nossos correm o risco de perder apoios de projetos humanitários suportados por ‘países ricos’, adivinhando-se problemas acrescidos como o aumento da pobreza, das doenças, do isolamento...”, destaca.

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O prelado sublinha que a “Quaresma apela à oração que converte e santifica” e pede que rezemos “pelas ameaças e tragédias deste nosso mundo dividido, radicalizado, cheio de discursos prepotentes e ameaçadores, próprios de quem quer ‘ser grande e poderoso’, pouco se importando com os passos trémulos do pequeno e frágil”.

“É uma bela nota para a entrada no ‘deserto quaresmal’: durante a tempestade, não nos apoiemos apenas nas nossas próprias forças nem na própria leitura da realidade. É bom descentrarmo-nos através da escuta da Escritura, na qual recebemos o juízo de Deus sobre a realidade. Deus está presente na desordem, nas nossas contradições e pecados”, aconselha.

D. Armando Esteves Domingues propõe aos “sacerdotes da Diocese e às comunidades cristãs que, no primeiro domingo da Quaresma, celebrem e rezem de todas as formas pela saúde do Papa Francisco e suas intenções, pela paz e estabilização da confiança e da esperança entre pessoas e povos”.

O prelado lembra também o peditório nacional da Cáritas, “para apoiar os mais necessitados no país e até emergências em tragédias noutros países”, a realizar no terceiro domingo da Quaresma, dia 23 de março.

“Prioridade relacional que ouça e envolva a todos”

No seguimento do Sínodo sobre a Sinodalidade, o bispo de Angra convida “todos os homens de boa vontade das comunidades, instituições, autarquias, serviços públicos, grupos caritativos, etc., a uma dimensão sinodal no agir, isto é, de uma prioridade relacional que ouça e envolva a todos”.

“Juntos, podemos fazer, no território que partilhamos – paróquia ou freguesia – uma leitura atenta e atualizada das pobrezas existentes para se equacionar em quê e quem pode socorrer e ser ‘dador de esperança’”, assinala.

Entre os que mais precisam de esperança, o bispo de Angra destaca: “os presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio e as dificuldades de reinserção; os doentes, cujos sofrimentos poderão encontrar alívio na proximidade de pessoas que os visitem e no carinho que recebem”; os migrantes, que não podem ser frustrados por preconceitos e isolamentos”; muitos exilados, deslocados e refugiados que precisam de segurança e o acesso ao trabalho e à instrução para uma adequada inserção no novo contexto social”; os idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono; os milhões de pobres que correm o risco de que nos habituemos e resignemos”.

Na sua mensagem, D. Armando Esteves Domingues não esquece também os “jovens que muitas vezes, infelizmente, veem desmoronar-se os seus sonhos”.

“Não os podemos dececionar: o futuro funda-se no seu entusiasmo”! Lembra que ‘é belo vê-los irradiar energia … e triste ver jovens sem esperança quando o futuro é incerto e impermeável aos sonhos, o estudo não oferece saídas e a falta de emprego ou dum trabalho suficientemente estável corre o risco de suprimir os desejos”, sublinha.

O bispo de Angra augura que esta Quaresma e Jubileu “seja, para nós e para as nossas comunidades, ocasião para um impulso novo, atento e sério a favor deles”.

“Se o primeiro cuidado - a atenção, o acolhimento e a proximidade - começar no coração de cada homem e mulher de boa vontade, se cada comunidade souber cuidar de todos a começar pelos seus pobres, então poderemos contribuir para bloquear o crescimento da pobreza e não deixar ninguém a viver ‘sem esperança’”, aponta.

Renúncia quaresmal “é fruto das renúncias”

O responsável da Diocese de Angra informa que destina a renúncia quaresmal, que “não é uma campanha de recolha de fundos, nem uma esmola”, mas “o sacrifício das pessoas e também a alegria da partilha”, que é “fruto das renúncias que se vão fazendo, das poupanças numa alimentação mais pobre ou gastos supérfluos evitados, para partilhar, sempre em espírito de oração e de conversão”, a dois projetos em partes iguais: o Projeto Melika e o Fundo de Emergência para Apoio aos Grupos Caritativos das paróquias da diocese.

“O projeto Melika, promovido pelas irmãs Doroteias em Angola, já experimentado por alguns sacerdotes e leigos missionários da diocese, visa a construção de quatro salas de aulas em Freixiel, cada uma com 35 alunos e uma sala de informática. O valor total do projeto está orçado em 67.328,90 euros”, explica.

“Vamos ajudar!” exorta o prelado sugerindo que a sexta-feira, o dia que mais lembra a Paixão de Cristo, possa “ser o dia que a todos nos una nesta atual e necessária forma de penitência”.

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