05 mar, 2025 - 17:16 • Aura Miguel
“Somos mendigos do Céu”, escreveu o Papa na homilia que deveria ter lido esta tarde, no inicio da Quaresma.
As cinzas de quarta-feira santa recordam-nos que somos pó, mas situam-nos no caminho da esperança de que, “no fim do caminho, o Ressuscitado estará à nossa espera”. Estas palavras do Papa, preparadas antes de ser internado, assumem hoje particular significado.
“Feitos de cinzas e de terra, tocamos a fragilidade ao experimentarmos a doença, a pobreza, o sofrimento que, por vezes, se abate inesperadamente sobre nós e sobre as nossas famílias”, afirmou.
Francisco identifica a fragilidade, não só a nível pessoal mas também “na vida social e política do nosso tempo, quando nos encontramos expostos às ‘poeiras finas’ que poluem o mundo: a contraposição ideológica, a lógica da prevaricação, o regresso de velhas ideologias identitárias que teorizam a exclusão dos outros, a exploração dos recursos da terra, a violência nas suas diversas formas, a guerra entre os povos. Tudo isto são ‘poeiras tóxicas’ que turvam o ar do nosso planeta e impedem a coexistência pacífica, enquanto a incerteza e o medo do futuro crescem dentro de nós todos os dias”, considera o Papa.
Por fim, Francisco pede que “aprendamos, por meio da oração, a descobrir-nos necessitados de Deus ou, como dizia Jacques Maritain, ‘mendigos do céu’, para alimentar a esperança de que, nas nossas fragilidades e no fim da nossa peregrinação terrena, nos espera um Pai de braços abertos”.
O Cardeal Angelo di Donatis, Penintenciário-mor da Santa Sé, que presidiu à missa da imposição das Cinzas, na basílica de Santa Sabina, antes da leitura da homilia do Papa, afirmou: “Estamos profundamente unidos a ele, neste momento, agradecemos-lhe a oferta da sua oração e sofrimentos pelo bem da Igreja inteira e de todo o mundo”.