05 mar, 2025 - 10:46 • Olímpia Mairos
O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, alerta para a necessidade de uma vivência da Quaresma centrada na esperança que leve à redescoberta de Deus que “quer libertar a humanidade da guerra, da violência e do ódio”.
“Só uma sociedade totalmente voltada para Deus pode encontrar razões para encetar caminhos de verdadeira paz”, aponta.
Na visão de D. Rui Valério, os quarenta dias de preparação para a Páscoa são “uma oportunidade para prepararmos o íntimo de cada um de nós para acolher o dom da vida nova, a graça divina, que dissipa as trevas do erro, da morte e do pecado e implanta a luz da fé, da esperança e da caridade”.
“Na vivência do Ano Jubilar, somos convidados de forma particular a dirigir o nosso coração para Deus: Ele é a fonte da vida verdadeira. A recordação da travessia do deserto pelo Povo de Israel, depois da libertação da escravidão do Egipto, recorda os vários níveis de esperança”, aponta.
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Sendo chamados a uma esperança que tem consequências sociais, D. Rui Valério indica também que a Quaresma deve levar a transformações nas comunidades cristãs.
“Somos chamados a uma esperança que tem consequências nas nossas famílias e nas nossas paróquias e comunidades cristãs”, afirma, explicando que “as comunidades cristãs são chamadas a ser lugar da esperança, em que cada um é acolhido e em que se faz verdadeiro caminho de comunhão com Deus, lugares e espaços em que não se desiste de ninguém, mas em que se vive o verdadeiro compromisso de fraternidade cristã”.
O prelado sublinha ainda que a Quaresma é também “tempo particular de renovação interior, de purificação dos esquemas mesquinhos e egoístas e de um encontro com Deus que oferece uma nova forma de viver”.
O responsável do Patriarcado de Lisboa assegura que os frutos renovadores operados pela força da esperança, repercutem-se ainda na conceção da própria história.
“O empenho do cristão no mundo deve ser pautado pelo mistério da Eucaristia, onde os elementos da terra (pão e vinho) passam para a definitiva dimensão divina, o Corpo e o Sangue de Cristo; assim, o ‘já’ do presente da humanidade abre-se ao ‘ainda-não’ da plenitude da vida de Deus”, indica.
De acordo com D. Rui Valério, “em Cristo, a esperança recoloca Deus no centro da história, tal como abre, nos factos e acontecimentos do tempo, janelas e estradas que nos encaminham nos horizontes da santidade para a plenitude da vida eterna”.
“Não podemos chegar ao fim da Quaresma e ficar tudo na mesma. Rezamos e lutamos para que se encontrem verdadeiros caminhos de renovação espiritual, comunitária e social”, escreve D. Rui Valério.
“Por isso, faço votos de uma Quaresma muito cheia de frutos de vida eterna para todos, revivendo as tradicionais práticas do jejum, da esmola e da oração, de forma sempre nova e criativa”, acrescenta, salientando que de toda esta caminhada de conversão, “resulta habitualmente a renúncia quaresmal, sinal de partilha com algumas realidades que se veem necessitadas de ajuda”.
Neste contexto, o patriarca de Lisboa indica que a renúncia quaresmal deste ano 2025 se destina a três fins, em consonância com a bula do Papa Francisco para a convocação do Ano Jubilar: ao Centro Tsarazaza”, uma instituição que acolhe crianças órfãs e outras originárias de famílias muito pobres na diocese de Mananjary-Madagáscar, à Associação Apoio à Vida que apoia mulheres grávidas a levarem a gravidez até ao fim, e à Associação “O Companheiro”, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos e de utilidade pública, que promove a reintegração na sociedade e previne a reincidência criminal de reclusos.
Em 2024, a renúncia quaresmal totalizou o valor de 195.906,71 euros.