12 mar, 2025 - 13:24 • Aura Miguel
Francisco nunca assinalou os seus aniversários. Ao longo do seu pontificado, Bergoglio manteve a habitual discrição que sempre o caracterizou, quer no dia de aniversário (17 de dezembro), quer no dia em que o conclave o elegeu Sucessor de Pedro (13 de março).
Desta vez, a data coincide com o seu internamento e também com os exercícios espirituais que, anualmente na Quaresma, reúnem todos os cardeais, bispos e monsenhores da Cúria romana e aos quais Francisco se associa, desta vez, por videoconferência.
Mesmo doente e internado há quase um mês, com um quadro complexo de fragilidade causado por uma dupla pneumonia e uma bronquite crónica, o Papa participa no retiro.
Nesta quarta-feira, a sala de imprensa confirma que, “esta manhã, o Papa continuou a a acompanhou por videoconferência os exercícios espirituais da Cúria, que decorrem na Aula Paulo Vi, conduzidos pelo padre capuchinho Roberto Pasolini”. O Vaticano informa também que Francisco continuou com as terapias prescritas, incluindo a respiratória e a fisioterapia. E que, para esta tarde, se prevê a publicação de um novo boletim médico. No entanto, não haverá qualquer celebração especial para assinalar o 12.º ano da eleição de Francisco.
Desde o internamento do Papa, a 14 de fevereiro, que vários fiéis se reúnem em oração na zona exterior do Hospital Gemelli. O local de encontro, junto à estátua de São João Paulo II, está repleto de velas, flores, fotografias de Francisco, muitas mensagens escritas e alguns desenhos de crianças.
Entretanto, na cidade de Roma - e apesar da ausência do Santo Padre -, as peregrinações jubilares sucedem-se, com inúmeras iniciativas e milhares de pessoas a atravessar a Porta Santa das quatro basílicas papais (São Pedro, Santa Maria Maior, São João de Latrão e São Paulo).
Para muitos, a ausência física de Francisco é uma desilusão, mas os católicos russos não desanimaram e encontraram uma alternativa. A peregrinação jubilar a Roma, organizada pela Arquidiocese de Moscovo, chegou à capital italiana a 10 de março, após longas viagens e voos de diferentes cidades da Rússia, incluindo Moscovo e São Petersburgo.
“Somos um grupo de 85 pessoas. Deveríamos participar numa audiência com o Papa, marcada há um ano e meio, mas Francisco ficou doente e então viemos rezar por ele aqui no Gemelli”, disse Elizaveta à imprensa italiana. Esta jovem e o seu marido Andrei integram os vários jovens participantes que, juntamente com os adultos, decidiram incluir na agenda jubilar um novo percurso.
Acompanhados pelo arcebispo de Moscovo, Paolo Pezzi, no final da tarde de terça-feira, o grupo caminhou desde a estação de metro Cornelia, na Via Aurelia, em Roma, até ao Hospital Gemelli. Ao longo do caminho, rezaram o terço pelas melhoras do Papa e pela paz.
“A notícia da doença do Santo Padre também chegou à nossa cidade”, explica o arcebispo Pezzi. Não tendo, portanto, a possibilidade de nos encontrarmos com o Papa, tomamos a decisão de ir em peregrinação a pé ao Gemelli, para lhe expressar, desta forma, o nosso afeto”.
O arcebispo de Moscovo disse ainda aos jornalistas que “a resposta dos fiéis russos, não só católicos, tem sido muito generosa”, tendo nestes dias recebido "inúmeras demonstrações de afeto para com o Santo Padre e muitos relatos de iniciativas de oração por ele”.