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Religião

D. Rui Valério critica "a pressa e a precipitação" que levaram às eleições antecipadas

14 mar, 2025 - 21:30 • Alexandre Abrantes Neves , João Malheiro

Patriarca de Lisboa aponta que o país vai ficar "em standby" num cenário internacional complexo. Já sobre o cessar-fogo na Ucrânia, D. Rui Valério pede "cedências de parte a parte".

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D. Rui Valério lamenta "a pressa e a precipitação" que levaram à crise política e eleições antecipadas.

Em declarações à Renascença, o Patriarca de Lisboa lamenta a falta de diálogo entre as principais forças políticas, que poderá ter prejudicado o esclarecimento que os portugueses procuravam sobre a empresa familiar do primeiro-ministro.

"Quando nós estávamos a pensar que ainda havia tempo para algum esclarecimento de perspetivas, houve aqui uma pressa. (...) A pressa é sempre mau conselheiro. (...) Até para transmitirmos aos jovens que, pela força da palavra e do diálogo, todas as adversidades podem ser superadas", lamenta.

D. Rui Valério dá o exemplo dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência para se mostrar preocupado com um país que fica "em standby" num cenário internacional complexo - marcado pelas guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, mas também por “forças, blocos de países” que só querem aumentar a “a pobreza, a marginalização, a discriminação”.

Apesar de considerar que as eleições antecipadas não eram o ideal para o país, o Patriarca deixa um apelo aos portugueses, para que votem no próximo dia 18 de maio.

“As eleições são sempre um momento de efetivação daquilo que é a democracia. São sempre uma ocasião para reafirmar a necessária responsabilidade e responsabilização de todos os cidadãos”, considera.

Solução na Ucrânia precisa de “cedências parte a parte”

Perante os últimos dias de propostas de cessar-fogo e de encontros que procuram a paz na Ucrânia, D. Rui Valério diz que a “mera hipótese” de umas tréguas já são “uma forte razão de esperança”.

Daqui para a frente – e numa altura em que o Ocidente se reúne para analisar os esforços de cessar-fogo mediados pelos Estados Unidos e em que a Rússia apresenta as condições para terminar a guerra – D. Rui Valério pede às duas partes do conflito para se “sensibilizarem” para a “necessidade e inevitabilidade” de haver cedências mútuas.

“Uma conversação só é possível quando um, ao falar, o outro escuta. A paz é possível quando houver aquilo que em política se chama cedências de parte a parte. A paz, para ser construtiva, tem de ser declarada, sentindo cada uma das partes, não como vencidas, mas como vencedoras. Se não, é uma paz armada, com os dias contados, com prazo de validade”, apela.

“Inenarrável”. Trump precisa que “rezemos por ele”

O Patriarca de Lisboa participou nesta sexta-feira à tarde numa conferência na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em Lisboa sobre o Jubileu dos Migrantes, uma das vertentes do ano jubilar este ano comemorado pela Igreja Católica.

Papa evoca morte de migrantes. "São vidas despedaçadas"
Papa evoca morte de migrantes. "São vidas despedaçadas"

Na sessão (onde também participaram representantes do Centro Padre Alves Correia, da Cáritas Diocesana de Lisboa, da Obra Católica Portuguesa de Migrações e da UCP), D. Rui Valério falou da importância de promover uma “ética do acolhimento” na atualidade, relembrando que a história e a tradição cristã mostram que “migrantes somos todos”.

Após a conferência, e questionado pela Renascença sobre as atuais políticas de imigração em vários países europeus e nos Estados Unidos, o Patriarca assinalou que “quando o acolhimento não existe, não é por outra razão do que por alguma precaução, receio, calculismo, medo do desconhecido”.

D. Rui Valério mostrou-se, no entanto, bastante crítico das políticas de Donald Trump, nomeadamente da decisão de deportar e deter crianças migrantes.

“Precisa que rezemos para que verdadeiramente haja capacidade no coração e, sobretudo, compreensão. Fiquei chocado quando soube que as primeiras e principais das vítimas das principais políticas são as crianças. É inenarrável, não tenho palavras", critica.

Em Portugal, o encerramento do Jubileu dos Migrantes está marcado para este domingo, às 12h00 em Lisboa, na Basílica da Estrela, onde vai ser entregue a Cruz do Jubileu da Caridade à Cáritas Diocesana de Lisboa.

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