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Eleições. Cardeal Américo Aguiar apela à participação sem "assassinatos de caráter"

19 mar, 2025 - 08:18 • André Rodrigues , Olímpia Mairos

Nota episcopal do bispo de Setúbal defende que a República deve criar de mecanismos de defesa dos eleitos quando "caem ou são arrastados para a lama". O cardeal diz que “os católicos têm a obrigação de participar" no ato eleitoral e apela: "Sejamos mais exigentes com as candidaturas e connosco próprios."

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O cardeal D. Américo Aguiar apela à participação política na jornada eleitoral que se avizinha sem "assassinatos de caráter".

Numa nota episcopal divulgada na manhã desta quarta-feira, o bispo de Setúbal sublinha mesmo a obrigação de os católicos participarem com capacidade de intervenção, inovação e até fiscalização.

Não alimentemos nem sejamos promotores de ‘assassinatos de caráter’, de destruição de pessoas e famílias com base em boatos, denúncias que apenas servem para retirar do caminho os concorrentes adversários... por vezes até dentro da própria estrutura de pertença. Exijamos saber o que cada candidato pensa, o que propõe, o que quer efetivamente fazer”, pede o bispo de Setúbal.

“Não votemos nos mais simpáticos ou nos mais ruidosos, apenas porque parecem mais simpáticos ou porque revelam maior capacidade na luta verbal dos debates.... sejamos mais exigentes com as candidaturas e connosco próprios”, prossegue.

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Nesta nota, D. Américo Aguiar cita o Papa Francisco para dizer que a participação deve ser feita com humildade, sem promoção de assassinatos de caráter, de destruição de pessoas e famílias com base em boatos e denúncias que mais não servem do que para retirar adversários do caminho.

“Neste sentido, com humildade, mas também com veemência, desejo apelar à participação política de todos vós, nas várias eleições que se avizinham: Legislativas, Autárquicas e Presidenciais”, escreve o prelado

“Em todas elas” – diz –, “os católicos têm a obrigação de participar”, acrescentando que é “urgente que os princípios e valores cristãos se vejam de forma clara e assumida na vida dos partidos e dos movimentos políticos”.

D. Américo Aguiar sublinha ainda a importância da exigência do eleitor na obtenção de respostas para os problemas, lamentando que o país real não tem sido a base da informação diária.

“Exijamos respostas aos problemas reais dos cidadãos e das nossas comunidades”, aconselha, lembrando que para uma significativa percentagem de concidadãos, os debates ‘esquerda vs direita’, já não dizem nada ou quase nada.

“Mais que slogans vazios e ocos, procuremos escutar e dialogar com quem fale dos problemas reais e das respetivas soluções, como é o caso da saúde, da educação ou da habitação; os pensionistas, os estudantes, os jovens, os trabalhadores, os precários, os migrantes, a preocupação com a sustentabilidade da segurança social, com a mobilidade, a ecologia integral”, aponta.

Para D. Américo Aguiar é preciso “escutar aqueles que, com verdade, não escondem a dificuldade do caminho e do processo e não embarcam em soluções mágicas, fantasiosas imediatas. Na verdade, escutar aqueles para quem a pessoa, cada pessoa, é o centro e a razão primeira do tão nobre exercício da política”.

O cardeal Américo Aguiar defende ainda que a República deve criar de mecanismos de defesa dos eleitos quando caem ou são arrastados para a lama e lembra que a presunção de inocência tem de ser aplicada.

“Creio que a República tem de desenvolver mecanismos de defesa dos eleitos, quando infelizmente caem e/ou são arrastados para a lama, sendo inocentes. A presunção de inocência tem de ser aplicada sempre e a todos”, defende.

O bispo de Setúbal alerta que “com tudo o que temos vivido e testemunhado em prol de tantos casos nas últimas décadas, a República arrisca-se, isto é, arriscamo-nos a não poder contar com disponibilidade de concidadãos com capacidades de excelência para servirem a res pública, porque naturalmente não estão dispostos aos riscos da forma atual de fazer política, nem as suas famílias”.

O bispo de Setúbal conclui que é necessário um debate urgente e profundo, sem populismos em torno do estado dos eleitos, das remunerações, das incompatibilidades. Caso contrário, adverte, todos perdem direitos enquanto cidadãos.

“Urge um debate profundo, sem populismos, em torno do Estatuto dos eleitos, das remunerações, das incompatibilidades, penalizações e defesa. Se não o fizermos, todos perderemos direitos enquanto cidadãos com deveres cívicos”, defende.

A finalizar, o cardeal reforça o apelo à participação nos próximos atos eleitorais, pedindo que “nunca deleguem nos outros, as decisões e as responsabilidades que determinam o presente e o futuro das nossas comunidades, do nosso país e, nos dias de hoje, do próprio continente europeu”.

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