22 mar, 2025 - 22:11 • João Cunha , Olímpia Mairos
Não são verdadeiras, as acusações feitas ao Grupo Vita de falta de empatia em audições para cálculo de indemnizações às vítimas, que de acordo com alguns meios de comunicação social estarão a reviver os abusos sofridos no seio da Igreja Católica.
À Renascença, coordenadora do Grupo Vita garante que quando o relato já disponível está devidamente documentado, a vítima não tem de o repetir pode é, em alguns casos, ter de clarificar a informação fornecida.
“Clarificar significa exatamente pegar numa determinada informação e fazer uma pergunta para perceber melhor algo. É este o conceito de clarificação, é clarificar, é algo que é confuso, omisso ou vago, poder ser esclarecido, para que não restem dúvidas quando elaborarmos um parecer para ajudarmos o segundo grupo a definir um montante. Não é repetir tudo, é partir daquilo que existe e que está escrito, que a pessoa já relatou previamente, e é fazer algumas perguntas de clarificação, mas sempre a partir do relato existente”, explica Rute Agulhas.
A coordenadora do Grupo Vita admite que a desinformação sobre o assunto possa levar outras vítimas a não fazer nada.
“O que nos preocupa são as pessoas que estão em casa, são as pessoas que ainda estão a ponderar se pedem, se não pedem, se vêm ter connosco, Grupo Vita ou com a Igreja, pedir um processo desta natureza e que face a determinado tipo de desinformação, porque não é informação, é desinformação, possam ter tanto receio e tanta angústia e tanta ansiedade que não façam nada”, assinala.
De acordo com o grupo Vita, “num universo de 67 pedidos de compensação financeira efetuados até ao momento, foram já avaliadas 31 pessoas, nas mais diversas zonas do país”, acrescentando que “as restantes situações serão avaliadas até ao final do próximo mês de junho de 2025”.
“Globalmente, os processos de escuta que têm sido realizados até ao momento não têm sido percecionados pelas vítimas como momentos inquisitórios ou de vitimização secundária. Pelo contrário, a Comissão de Instrução (CI) tem recebido um feedback positivo, destacando o acolhimento e a escuta ativa proporcionados durante as entrevistas. Este resultado reflete o nosso compromisso em garantir que as vítimas se sentem respeitadas e apoiadas ao longo de todo o processo”, lê-se no comunicado, enviado à Renascença.
O grupo Vita reitera que “dar voz às vítimas, especialmente após vivências traumáticas, é um processo tão complexo quanto fundamental”.
“É essencial garantir que as pessoas não sentem medo, ansiedade ou desconfiança ao partilhar as suas vivências. A criação de um contexto sereno, seguro e acolhedor é uma responsabilidade partilhada por todos, e estamos empenhados em assegurar que cada vítima se sinta verdadeiramente ouvida e respeitada”, conclui a nota.