25 mar, 2025 - 11:35 • Henrique Cunha
A diretora do secretariado nacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Catarina Bettencourt Martins, diz que o Jubileu dos Cristãos Persegudos serve para sublinhar que "ser cristão em algumas partes do mundo é um ato de coragem, um ato de heroísmo".
Em declarações à Renascença, a resposável diz que o Jubileu dos Cristãos Perseguidos "é muito importante porque é preciso continuar a chamar a atenção para o que se passa hoje no mundo".
"Há cada vez mais pessoas que já sabem o que é se passa, mas nunca é demais chamar a atenção para este facto terrível da perseguição a uma comunidade apenas e só por causa da sua religião", acrescenta.
Catarina Bettencourt Martins adianta, por outro lado, que o Jubileu dos Cristãos Perseguidos, marcado para o próximo fim de semana em Arouca, serve também para assinalar "uma data muito importante para a fundação AIS em Portugal, uma vez que se assinalam os 30 anos de presença no nosso país".
De acordo com a fundação pontifícia, o Jubileu de Arouca "terá como pontos altos os testemunhos de dois sacerdotes, os padre Gabriel Romanelli e Simon Ayogu, oriundos de duas zonas do mundo, onde a vida dos cristãos é particularmente dificil: a Faixa de Gaza, na Terra Santa, e a Nigéria, em África".
"São estes testemunhos de vida que nos demostram que, apesar de todas as dificuldades, estas comunidades se mantêm vidas e a dar o seu testemunho no meio de grandes adversidades, que muitas das vezes envolvem problemas que os levam até à morte".
"Vão ser dois testemunhos que serão com certeza muito importantes de escutar para percebermos que ser cristão em algumas partes do mundo é mesmo um ato de coragem, um ato de heroísmo, porque a vida é muito difícil nesses países", reforça.
Bispo do Porto: “Tanta gente não entende esta religião do amor”
O bispo do Porto, D. Manuel Linda, não porderá, por motivos de agenda, marcar presença em Arouca, mas já enviou uma mensagem à Fundação AIS em que destaca a importância do Jubileu dos Cristãos Perseguidos.
"Hoje o cristianismo é a organização mundial mais perseguida em qualquer parte do planeta terra", aponta o prelado. Na sua mensagem à Fundação AIS, D. Manuel, para além de destacar a importância da iniciativa, lamenta o facto de ainda haver "tanta gente que não entende esta religião do amor", o que obriga "muitos cristãos a viver escondidamente".
O bispo afirma que lembrar "o sacrifício na fé destes cristãos é algo que devemos ter presente de forma ativa", porque é muito importante "lembrarmo-nos, solidarizarmo-nos com eles, rezarmos por eles e colhermos também o seu exemplo de fortaleza".
"Então, que este Jubileu dos Cristãos Perseguidos seja uma forma também de nos dar ânimo a nós, os que vivemos em liberdade, para que como eles possamos testemunhar Cristo em qualquer circunstância da vida”, conclui D. Manuel Linda.
O Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a AIS organiza em Arouca, contará com a apresentação, por Catarina Bettencourt Martins, do relatório “Perseguidos e esquecidos?”, um estudo sobre a perseguição aos cristãos entre os anos de 2022 e 2024.
Nas conclusões desse estudo, ganha relevo a situação particularmente difícil que a comunidade cristã enfrenta em África e também no Médio Oriente, pelo que os testemunhos dos padres Gabriel Romanelli e Simon Ayogu são aguardados com particular interesse.
A Fundação AIS recorda que o padre Romanelli é o atual pároco da Paróquia da Sagrada Família, em Gaza, e “ganhou projecção internacional recentemente por causa dos telefonemas frequentes do Santo Padre, sempre preocupado com a situação dos cristãos nesta zona tão problemática da Terra Santa”.
“Por seu lado, o padre Ayogu, que vive em Portugal há vários anos, tem sido uma voz constante na denúncia da situação dos cristãos perseguidos na sua terra, nomeadamente lembrando constantemente e com a Fundação AIS, a história dramática de Leah Sharibu, uma jovem que foi raptada a 19 de fevereiro de 2018 por terroristas islâmicos quando tinha apenas 14 anos de idade e que continua em cativeiro por não ter renunciado à sua fé”, acrescenta a fundação pontifícia.
O Jubileu dos Cristãos Perseguidos, em Arouca, contará ainda com uma conferência pelo padre José Pedro Novais, sobre o que é um ano jubilar e os seus objetivos, e terá uma exposição, nos Claustros do Mosteiro com objetos religiosos profanados pelo Daesh no Iraque e na Síria, exposição que esteve patente ao público na Basílica dos Mártires, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude.