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Caminhada Pela Vida. Seabra Duque diz que crise política “é mais um motivo para se sair à rua”

28 mar, 2025 - 06:00 • Henrique Cunha

Coordenador da Plataforma Caminhada Pela Vida encontra no período eleitoral mais um motivo para a mobilização dos defensores da vida, porque “existem forças políticas que têm vontade, quer de alargar as semanas do prazo legal do aborto, quer de reduzir o direito à objeção de consciência”. Caminhada Pela Vida está marcada para sábado em 13 cidades do país.

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O coordenador da Plataforma Caminhada Pela Vida, José Maria Seabra Duque, diz à Renascença que “o objetivo" do movimento "é que nenhuma mulher em Portugal diga que abortou porque não houve quem a ajudasse”.

O responsável defende haver razões de sobra para a mobilização e “para se sair à rua” no próximo sábado, uma vez que “existem forças políticas que têm vontade de alargar o prazo do aborto”.

"Existe uma cultura de partidos políticos que, de alguma forma, constantemente, para provar suas credenciais políticas, sentem necessidade de apresentar estas medidas”, reforça.

Seabra Duque lembra que “uma em cada cinco gravidezes termina em aborto, um em cada três abortos são repetições” e que “os dados da Direção-Geral de Saúde indicam que as mulheres que abortam são aquelas que estão em situações de maior vulnerabilidade, porque são mais pobres”.


Nascida no contexto dos referendos ao aborto, desde 2012, a Caminhada pela Vida realiza-se anualmente e, este ano, marcada por uma crise política e eleições legislativas antecipadas. Há razões acrescidas para a sua realização?

A Caminhada pela Vida realiza-se há vários anos e realiza-se anualmente e acreditamos que todo os anos há motivos para caminhar na defesa da vida.

O nosso objetivo é que nenhuma mulher em Portugal diga que abortou porque não houve quem a ajudasse. Daí, essa vertente de testemunho de que há um povo que defende a vida, ou seja, de que há um povo que está disposto a ajudar as mulheres, as famílias a terem os bebés, está disposto a ajudar os doentes. Essa necessidade é constante e por isso todos os anos se justifica. Mas a Caminhada pela Vida justifica-se ainda mais neste contexto político porque, sabe-se que existem forças políticas que têm vontade de alargar as semanas do prazo legal do aborto, de reduzir o direito à objeção de consciência, deavançar na regulamentação da eutanásia, que ainda não está feita. São mais motivos para sair à rua.

De alguma forma, a Caminhada pela Vida, sendo apartidária, não é apolítica. Que quer ter uma intervenção política de dizer claramente aos políticos que há um povo que ama a vida e que deseja defendê-la desde o momento da concepção e que não só rejeita qualquer medida que promova o aborto, como deseja uma agenda política que promova a vida. Relembramos que em Portugal uma em cada cinco gravidezes termina em aborto, um em cada três abortos são repetições e os dados da Direção-Geral de Saúde indicam que as mulheres que abortam são aquelas que estão em situações de maior vulnerabilidade, porque são mais pobres, porque são estrangeiras, porque já têm muitos filhos, ou seja, têm situações especiais de vulnerabilidade e, portanto, abortam porque não têm apoio.

Isso, de facto, é algo que tem que mudar e, por isso, em ano de eleições legislativas, que também antecedem eleições autárquicas, que ainda por cima antecedem as eleições presidenciais, é bom que todos aqueles que desejam uma política que seja a favor da vida, a favor da família saiam à rua para se manifestar e para mostrar à sociedade em geral, mas à classe política em particular, que há um povo que, claramente, de norte a sul do país, de norte a sul de ilhas, quer dizer, de Braga a Faro e ao Funchal, sai à rua para dizer que quer uma sociedade mais amiga da vida, uma sociedade que promova a vida e também medidas políticas claras e concretas de apoio à vida e à família.

Receia que o quadro político pós-18 de maio possa ser indicador de novas investidas no que diz respeito, nomeadamente, ao alargamento do prazo da interrupção voluntária da gravidez?

Infelizmente, o quadro político é bastante indiferente para o avanço desse tipo de medidas. Há alguns partidos que se têm especializado em qualquer contexto político que a primeira medida que apresentam no Parlamento seja uma medida contrária à defesa da vida: a legalização da eutanásia, o alargamento dos prazos do aborto... Nós sabemos que existe, de facto, uma cultura de partidos políticos que, de alguma forma, constantemente, para provar suas credenciais políticas, sentem necessidade de apresentar estas medidas, não é? Sobre isso não temos dúvidas nenhumas. Nós sabemos também como é que isto funciona: as leis fraturantes são apresentadas até passarem e, depois, nunca mais poderem ser discutidas, não é? Foi assim com o aborto, é assim com a eutanásia, foi assim com a eutanásia e será assim sempre: tentarão, tentarão até conseguir e, depois, de conseguirem, já nunca mais pode discutir o assunto, não é? Nesse sentido, nós não temos dúvidas nenhumas de que na próxima legislatura estes temas voltarão, porque voltam sempre.

Esperamos uma maioria de deputados que seja contrária a estas medidas, mas esperamos mais, porque aquilo que nós queremos mesmo é que haja uma maioria de deputados que promova a política de defesa da vida, porque não basta ser contra. Não basta não permitir mais semanas para matar bebês, é preciso medidas concretas que ajudem as mulheres a ser mãe.

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