29 mar, 2025 - 12:06 • Ecclesia
O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) considera que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) pode ser uma “luz importante” no caminho dos jovens.
Em declarações enviadas à Agência ECCLESIA, no âmbito do Encontro Nacional de EMRC do Ensino Secundário, em Santarém, D. António Augusto Azevedo referiu que esta geração de jovens tem o “coração aberto”, anda à procura e está envolta em “muitas encruzilhadas”, podendo a disciplina ser uma “luz de esperança no futuro”.
Segundo o também bispo de Vila Real, “a escola é um lugar de esperança e a Educação Moral e Religiosa Católica no seio da escola, pública ou privada, deve ser também ela, um grande arauto, uma grande sementeira de esperança”.
Três mil e 100 jovens, de 82 escolas de quase todas as regiões do país, vivem o XIII Encontro Nacional de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) do Ensino Secundário (ENES), que termina este sábado, pelas 15h, centrado no tema “Horizontes de Esperança”.
Para D. António Augusto Azevedo, a realização destes encontros “é uma aposta ganha” e representa a “valorização” da disciplina.
“Numa mesma cidade, reunir alunos que vêm das várias escolas do país, alunos matriculados em Moral que fazem este percurso na sua escola e que aqui se encontram com os colegas de todo o país, é, em primeiro, um grande sinal de encontro”, declarou.
Além disso, estas iniciativas são, de acordo com D. António Augusto Azevedo, “um reconhecimento do valor da disciplina” e a “valorização do próprio trabalho dos professores e reconhecimento da aposta que as próprias famílias fazem na inscrição dos filhos”.
O bispo dá conta que desde há alguns anos que a CEECDF tem feito a aposta “muito forte” em proporcionar o ENES, que “é sempre um momento enriquecedor” que espera que “dê frutos”.
Este ano, Santarém é a cidade que acolhe o Encontro Nacional de EMRC do Ensino Secundário, que na noite desta sexta-feira ficou marcado pela presença do bispo diocesano, D. José Traquina, que esteve com os jovens.
“Bem-vindos a Santarém. Desejo muito que este encontro em Santarém seja marcante na caminhada das vossas vidas. Agradeço esta opção e que a vossa presença também na cidade que ides visitar e uns com os outros seja marcante no bom ambiente que podeis fazer”, expressou.
O bispo de Santarém espera que este encontro seja para os alunos “uma grande afirmação de juventude que quer paz”.
O XIII Encontro Nacional de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) do Ensino Secundário (ENES) reúne três mil jovens.
Sérgio Martins, coordenador da atividade, espera que os participantes sejam “portadores de esperança”.
“Trazê-los para aqui, também a pensar na Ucrânia, em Gaza, em Israel, no Ruanda, em todos estes países, é dizer-lhes que é possível construir um mundo melhor, um mundo feliz”, afirmou Fernando Moita, diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), em declarações ao Educris e Agência Ecclesia, nomeando geografias em guerra.
“Horizontes de Esperança” é o tema do ENES deste ano, que surgiu a pensar no momento “bastante conturbado” que o mundo vive, explica Sérgio Martins.
“A esperança é algo que nos realiza, é algo que faz parte de nós, que é intrínseco, faz parte da nossa mensagem essencial e nós queremos acreditar que daqui lançamos novos horizontes e são estes alunos, do 10. º, 11. º e 12. º anos, que vão levar essa esperança especial aos nossos colegas”, desenvolveu.
O diretor do SNEC realça que hoje não se vivem tempos de “muita paz”, sublinhando a necessidade de encontrar o “sabor cristão da vida, encontrar mecanismos de esperança, de alegria, onde tudo o que parece que é drama e guerra”.
“É também função da Educação Moral e Religiosa Católica dar sentido onde tudo parece que já não tem sentido”, frisa.
O ENES recebe pela primeira vez alunos do Funchal, permitindo ter a representação de quase todas as dioceses portuguesas, à exceção de Angra e Leiria-Fátima, numa ocasião de encontro e troca de experiências.
“Este é, sem dúvida, um encontro onde os alunos podem descobrir uma outra amplitude da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. É no fundo uma oportunidade que eles têm de concretizar no convívio, na partilha, na construção destes laços de fraternidade e de amizade que nós tanto trabalhamos nas nossas aulas”, refere Adriano Batista, professor de EMRC.
O docente, do Agrupamento de Escolas de Silves, Faro, considera que os jovens de hoje têm falta de se encontrar e, por mais que estejam ligados através das novas tecnologias, há uma “carência de relação”.
“Um encontro como este permite esquecer um bocadinho este mundo virtual e podermos estar juntos. Pode muitas vezes não ser para fazer grandes coisas, mas simplesmente estar. E acho que cada vez mais, aos jovens de hoje, há falta de eles poderem estar. Simplesmente estar”, aponta.
A participar no encontro está também Mariana Cruz, uma das alunas dos 80 agrupamentos de escolas do país representados, realçando a importância da iniciativa para conhecer “pessoas diferentes” e “sotaques diferentes”.
“Partilhamos todos uns com os outros, aprendemos uns com os outros e acho que é, sem dúvida, uma boa experiência”, referiu a jovem, da Escola Secundária do Pinhal Novo, Setúbal, em declarações à Ecclesia.
Jovens e professores são convocados a participar nas atividades do encontro, entre elas uma feira que decorreu esta tarde no exterior do Centro Nacional de Exposições (CNEMA), que incluiu jogos tradicionais, Faculdade de Teologia, Expositores e Campinos a cavalo pelo espaço.
Além disso, os participantes vão poder assistir a várias atuações musicais durante o encontro, que termina este sábado às 15h00.
O coordenador da atividade, Sérgio Martins, espera que a iniciativa deixe “marcas de serenidade” em alunos e professores e que lhes mostre que é “possível fazer alguma coisa” e que “eles próprios são esses agentes”.
“É o primeiro passo, é o primeiro grande passo que é preciso ser dado, que eles sintam que eles podem fazer a diferença e só assim é que depois é possível acontecer”, expressou.
Sérgio Martins olha com “otimismo e esperança” para o futuro da disciplina, acreditando que os jovens são os mensageiros e que, ao escolherem a disciplina, merecem “carinho” e “cuidado”.
“Não é por mero acaso que alunos do ensino secundário, em que a escolha é facultativa, e eles próprios muitas vezes podem fazer essa escolha, e ao escolherem eles estão cá, eles disseram sim. Portanto, se eles disseram sim, significa que a disciplina continua viva”, disse..