06 abr, 2025 - 10:19 • Aura Miguel
“A doença é uma das provas mais difíceis e duras da vida, durante a qual tocamos com a mão o quanto somos frágeis”, escreveu hoje o Papa, na homilia da missa do jubileu dos doentes e mundo da saúde. “Convosco, queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida, estou a partilhar muito: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio”.
A partir da sua experiência pessoal, Francisco deixa o convite: “tornemo-nos nós mesmos, uns para os outros, ‘anjos’, mensageiros da presença de Deus, a tal ponto que tanto para quem sofre como para quem presta assistência, a cama de um doente se possa transformar, muitas vezes, num ‘lugar santo’ de salvação e redenção”.
No texto da homilia, lido pelo arcebispo Rino Fisichella que presidiu à celebração na Praça de São Pedro, Francisco reconhece que a doença e a experiência da fragilidade “nem sempre é fácil, mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir”.
E acrescenta: “O quarto do hospital e a cama da enfermidade podem ser lugares para ouvir a voz do Senhor que também nos diz a nós: Vou realizar algo de novo, que já está a aparecer: não o notais? (Is 43, 19). E, deste modo, renovar e fortalecer a fé”.
No texto do Angelus deste domingo, publicado no final da missa, Francisco dirigiu-se, uma vez mais aos doentes: “Durante o internamento e agora na convalescença sinto o “dedo de Deus” e experimento a sua carícia atenta. No dia do Jubileu dos doentes e do mundo da saúde, peço ao Senhor que este toque do seu amor chegue aos que sofrem e encoraje quem cuida deles”.
O Papa deixou também palavras de encorajamento aos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde, “que nem sempre são ajudados a trabalhar em condições adequadas e, por vezes, são mesmo vítimas de agressões”.E, uma vez que a sua missão não é fácil, ela “deve ser apoiada e respeitada”. Francisco pediu também maiores investimentos e recursos necessários para o cuidado e a investigação médica e sanitária, "para que os sistemas de saúde sejam inclusivos e atentos aos mais os frágeis e os mais pobres”.
Aos mais de 20 mil participantes neste jubileu, provenientes de 90 países, Francisco citou o testemunho de serenidade que o Papa Bento XVI nos deixou durante o período da sua doença, segundo o qual «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento» e «uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem [...] é uma sociedade cruel e desumana» (Cart. enc. Spe salvi, 38).
Neste contexto, Francisco comenta: “É verdade! Enfrentar juntos o sofrimento torna-nos mais humanos e partilhar a dor é uma etapa importante em qualquer caminho de santidade”.
E deixa um apelo: “Não afastemos da nossa vida aqueles que estão fragilizados, como por vezes hoje, infelizmente, faz um certo tipo de mentalidade, nem ostracizemos a dor dos nossos ambientes".
Em vez disso, façamos dela uma oportunidade para crescer juntos, para cultivar a esperança graças ao amor que, primeiramente, Deus derramou nos nossos corações (cf. Rm 5, 5) e que, independentemente de tudo, é o que permanece para sempre”.
Por fim, Francisco convidou doentes, profissionais de saúde, e voluntários a tornarem-se “uns para os outros, ‘anjos’, mensageiros da sua presença, a tal ponto que tanto para quem sofre como para quem presta assistência, a cama de um doente se pode transformar, muitas vezes, num “lugar santo” de salvação e redenção.
Ao início da missa, D. Rino Fisichella anunciou que Francisco estava a acompanhar a celebração através da televisão, gerando de imediato um prolongado aplauso dos fiéis presentes.
[Notícia atualizada às 12h14 de 6 de abril de 2025 para acrescentar detalhes do discurso do Papa Francisco]