20 abr, 2025 - 12:45 • Henrique Cunha
Na homília da Missa de Páscoa, D. Manuel Linda sublinhou que continuamos a ver “o desespero e o desânimo de tantos, lágrimas e mortes violentas, individualismos que criam cisão, retrocesso dos direitos humanos e fratura do que já se havia conseguido a nível da união e convivência dos povos, guerra e morte cientificamente programadas, o empobrecimento das nações e a privação da liberdade religiosa, enfim, falta de sentido, medos do futuro e a sempre possível guerra total”.
O prelado disse que “parece que o nosso mundo copia, a papel químico, a peregrinação de Jesus”; a começar no “manietar dos povos por potências mais fortes, como fizeram os soldados no jardim das oliveiras”; passando pela “fantasia da aplicação do direito internacional, quando os poderosos o substituem pela sua vontade e desejo; a violação da dignidade pessoal, flagelando e coroando os outros de espinhos, só por sadismo”; e terminando na “indiferença perante a morte, o sofrimento e a fome; a rapina, como fizeram com a túnica inconsútil do Crucificado”.
Contudo, o Bispo do Porto recordou que vivemos um ano de Jubileu em que a palavra esperança deve acompanhar todo o cristão, até porque “esta peregrinação de Jesus não terminou no enterro e deposição no sepulcro”.
“Depois de tudo isto e como desfecho de tudo isto, acontece a manhã radiante da Páscoa. E com ela, o mundo novo, pleno de alegria e ressurreição, de felicidade e razões de viver. É este mundo novo, possível e desejado, mundo no qual se implantam os grandes valores do Reino de Deus, que confirma as razões da nossa esperança”, acrescentou.
“O mundo atual, frágil e desintegrado, há de transformar-se, pelo trabalho cultural da pessoa e pela bênção divina, em mundo coeso e bom, na plena correspondência ao plano inicial do Deus que o criou. É nessa novidade pascal que ousamos ter a certeza da contínua humanização, do fortalecimento dos direitos humanos e dos direitos dos povos e nações, de uma cultura de fraternidade como ideal tangível”, reforçou.
D. Manuel Linda entende que “Jesus não foi ao encontro do nada, mas ao tudo de Deu”, e por isso “o mundo não se dissolverá no niilismo e na catástrofe nuclear, mas, redimido pelo Sangue de Cristo, chegará à glória do Reino, já experimentável no tempo da história e vivido em plenitude no que está para lá dela”.
“Ânimo, pois, caros cristãos. Não deixemos que nenhum sofrimento soterre as nossas razões de viver, pois o Senhor removeu todas as lápides sepulcrais”, concluiu.