21 abr, 2025 - 12:23 • Susana Madureira Martins , Pedro Mesquita
O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, diz que foi com “profundo pesar” que tomou conhecimento da morte do Papa Francisco, esta segunda-feira, recordando numa nota escrita à Renascença que teve a honra de representar Portugal na Missa de início do seu pontificado, em março de 2013.
Cavaco Silva salienta a mensagem de “enorme humanidade” deixada pelo Papa, que foi “alertando para a forma como lidamos com os mais desfavorecidos da sociedade, sempre no centro das suas preocupações, e para a forma como lidamos com o Mundo, que devemos preservar da destruição”.
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Do breve encontro que manteve com o Papa argentino, após a sua eleição, Cavaco Silva diz que ficou surpreendido pela sua “naturalidade e afabilidade, diferente da dos dois Papas que antes conhecera”.
O ex-chefe de Estado diz ainda que o Papa Francisco surpreendeu com “palavras fortes e imagens desconcertantes que desafiaram convenções e acomodações”, ressaltando que o fez “num tempo tão propício ao abandono dos idosos e dos doentes e à marginalização dos imigrantes”.
“A mensagem de Francisco foi de enorme coragem e fundamental para despertar consciências”, escreve ainda Cavaco, que conclui que a “interpelação do Papa Francisco à benevolência e compaixão e uma Igreja mais atenta às periferias geográficas e sociais serão o seu grande legado para várias gerações de católicos”.
Já na tarde desta segunda-feira, em declarações à Renascença, o ex-chefe de Estado recordou a "força" com que Francisco "se empenhou no contacto com os jovens, mas acima de tudo o todos, todos, todos", que significa para Cavaco Silva "derrubar fronteiras, credos, raças, abrir as portas àqueles que sofrem, àqueles que estão na margem, aqueles que são esquecidos, aqueles que são os humilhados, aqueles que são os ofendidos".
Trata-se de uma marca que o Papa deixa, segundo Cavaco, de "uma forma muito, muito clara, sobretudo, num momento em que as portas se fecham, a voz de Francisco vai fazer muita falta". "Foi um Papa reformador", conclui, pela "abertura da Igreja, de uma forma destacada, por cativar os jovens, mas também a sua simplicidade cativante de jovens e cidadãos".
Cavaco diz ainda que não esquece a primeira viagem de Francisco a Lampedusa, num tempo em que a ilha italiana, "revelava a grande dificuldade em receber todos os que emigravam de África e eram atraídos pela Europa". Era aí, diz o ex-chefe de Estado, que estavam "os esquecidos, os ignorados, os rejeitados por outros países".
Revelou-se, por isso, um "temerário nas suas viagens. Foi a países onde não se pensava que o Papa de Roma, o Papa dos católicos, podia ir", conclui Cavaco Silva. "Isso está dentro da ideia de todos, todos, todos, derrubar fronteiras".
[atualizado às 16H42, com declarações de Cavaco Silva]