21 abr, 2025 - 11:51 • Olímpia Mairos
O bispo do Porto, D. Manuel Linda, recorda o Papa Francisco como um “zeloso servidor da Igreja universal” e um “muito apreciado líder mundial na paz e na fraternidade”.
Em nota publicada na página da Diocese do Porto, o prelado diz estar em luto pela morte do Papa, escrevendo que “a notícia acaba de cair abruptamente e todos nós a sofremos”.
Em declarações à Renascença, D. Manuel Linda lembra a beleza do legado do Papa Francisco.
“A igreja é sempre a mesma, agora cada Papa traz qualquer coisa de muito específico e este específico do Papa Francisco é do mais belo que existe. Uma igreja de proximidade, uma Igreja em que todos os seus membros são valorizados e, ao fim e ao cabo, uma Igreja que está no mundo para o fermentar em valores”, destaca.
“Claro que não se fermenta o mundo apenas com alta teologia. Não é os nossos brilhantes discursos sobre a paz e a fraternidade, por exemplo, que são capazes de fazer. Mas com gestos concretos, com atitudes muito simples, mas que marcam e chegam ao coração das pessoas, aí sim. Eu não diria que há uma Igreja antes e depois do Papa Francisco. Eu diria que esta Igreja que vem de sempre encontrou nele uma dimensão que, de facto, corresponde também à sensibilidade do nosso tempo”, acrescenta.
O prelado assinala ainda a relevância do Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco, em 2015.
“Quando o Papa Francisco o declara e o proclama, certamente é para trazer à mente da Igreja que não vivemos apenas de ideologia, não vivemos apenas de direito canónico, não vivemos das tradições, por mais veneráveis que elas sejam, mas a Igreja é o seguimento radical de Jesus Cristo, aquele que passou a vida fazendo o bem”, observa.
“Portanto, a proximidade em relação a todos, aos de fora, mas particularmente também aos de dentro da Igreja, e essa presença junto deles a nível afetivo, a nível de sensibilidade para com as suas dores, anseios e ânimos e desânimos, é o legado grande a partir do qual depois então estabeleceria tantas outras coisas, a noção de missão, a noção de sinodalidade ao fim, a simpatia com os jovens, é a partir desta linha de proximidade”, destaca.
O bispo do Porto assinala também a origem latino-americana de Francisco para enquadrar o pontificado de proximidade do Papa
“Sendo um latino-americano, e tendo tido papel ativo, concretamente, na chamada Conferência Episcopal Latino-Americana, que se reuniu na Aparecida, está em condições muito maiores ainda de mostrar a sua proximidade afetiva para com os débeis, para com os pequenos, os frágeis, os doentes, e se alguma coisa nos fica na memória, para além, enfim, tanta coisa que ficará, mas é exatamente estes gestos destemidos, às vezes de abraçar quem tinha cancro, quem tinha doenças terríveis, e que ele, neste gesto de proximidade, nunca evitou e sempre foi capaz de abraçar quem de facto vivia nessa distinção”, sublinha.