21 abr, 2025 - 15:44 • Hugo Monteiro , Susana Madureira Martins
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, considera que o Papa, que morreu na manhã desta segunda-feira, “era a voz do bom senso, da justiça e da paz e, por isso, era a voz do povo”. Em declarações à Renascença, a dirigente bloquista refere que Francisco é uma “inspiração para crentes e não crentes por todas as posições muito corajosas que foi tendo ao longo do tempo”.
Mortágua destaca a “proximidade” que Francisco “sempre teve aos mais pobres”, recordando “visitas que fez a um bairro de ciganos e teve a coragem para dizer que estava junto das pessoas que eram mais discriminadas e mais alvo da política do ódio”.
A dirigente bloquista salienta que o Papa “há pouco tempo falou em nome do povo de Gaza e contra o genocídio, pediu um cessar-fogo, em nome do desarmamento e muitas vezes em nome do planeta”. Esses são “valores importantes”, considera Mortágua e “isso é o mais forte”.
“É a mensagem de grande esperança que deixou e que tocou crentes e não crentes, como o meu caso”, reconhece a dirigente do BE. “Alguém que teve a sensatez de dizer num tempo de escalada da guerra que se devia procurar o desarmamento, a paz e o cessar-fogo em Gaza”.
Mortágua refere ainda que Francisco também “teve a coragem de dizer perante as deportações de imigrantes nos Estados Unidos da América que não há uma relação entre a criminalidade e a insegurança e que teve a coragem de dizer que a política do ódio discrimina”.
Trata-se de um Papa que “deixa um marco para o mundo, para além das questões internas da Igreja e da organização da Igreja, porque se pronunciou sobre temas centrais para a humanidade, pronunciou-se sobre a humanidade sobre o que nos torna humanos e iguais. E esse é um lugar imenso”, conclui a líder do BE.
Nestas declarações à Renascença, Mariana Mortágua diz esperar que “a Igreja continue a ter a abertura que foi um marco deste Papa e o cuidado com estas grandes questões sociais dos nossos tempos e que nos une a todos, todos, todos”, usando a expressão do próprio Francisco na sua passagem pela Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, em 2023. “Espero que se essa a postura da Igreja”, remata a dirigente bloquista.