21 abr, 2025 - 09:00 • Aura Miguel , André Rodrigues , Ana Kotowicz , Daniela Espírito Santo
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Morreu esta segunda-feira o Papa Francisco, aos 88 anos. "Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar o falecimento do nosso Santo Padre Francisco", disse o cardeal Kevin Farrell, atual camerlengo.
A mensagem foi lida a partir da capela de Santa Marta, no Vaticano: "Às 7h35 [menos uma hora em Lisboa] desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja."
Preparava-se para se retirar quando foi eleito Pap(...)
"Ele ensinou-nos a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão pelo seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino", termina a mensagem lida pelo cardeal Farrell.
Esta segunda-feira, pelas 19h00 (hora de Lisboa), o cardeal Kevin Farrell procede ao rito de constatação da morte do Papa Francisco. Para o rito, que não é aberto ao público, foram convidados o cardeal Re (o membro mais antigo do Colégio dos Cardeais), o ministro e vice-ministro da Saúde do Vaticano e familiares do Papa.
A trasladação do corpo de Francisco para a Basílica de São Pedro deverá acontecer na quarta-feira, 23 de abril de 2025, onde os fiéis poderão prestar as suas últimas homenagens ao Papa.
O Sumo Pontífice, nascido Jorge Mario Bergoglio, esteve recentemente internado durante mais de um mês. Foi hospitalizado a 14 de fevereiro, altura em que uma crise de bronquite se agravou, transformando-se numa pneumonia bilateral. Abandonou o Gemelli, um hospital universitário católico, a 22 de março.
Esta foi a quarta e a mais longa hospitalização de Francisco, desde que se tornou Papa, em 2013. Os problemas de saúde relacionados com os pulmões acompanhavam-no há vários anos, depois de, em jovem, ter sido submetido a uma cirurgia em que lhe foi retirado a parte superior do pulmão direito.
A última aparição pública do Papa aconteceu no domingo de Páscoa, na praça de S. Pedro, no Vaticano, quando Francisco saudou a multidão antes da leitura da Bênção Urbi et Orbi.
Papa Francisco (1936-2025)
Do Presidente da República aos líderes partidários(...)
A mensagem de Francisco foi lida pelo mestre de cerimónias, Diego Ravelli: "Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento", defendia o Papa, sublinhando que "a necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa, não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento".
No texto, Francisco apelava a todos os que "têm responsabilidades políticas" anão ceder "à lógica do medo que fecha". Em vez disso, pedia a quem tem poder político, para usar "os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento".
No mesmo dia, o bispo de Roma recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance. O breve encontro aconteceu na Casa Santa Marta, no Vaticano, a residência de Francisco.
Na quinta-feira, saiu do Vaticano para visitar reclusos numa prisão em Roma.
Ao longo do seu pontificado, Francisco visitou Portugal em duas ocasiões: em 2017, pelo centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), onde proferiu uma das frases do pontificado ao pedir uma "Igreja de todos, todos, todos".
Jorge Mario Bergoglio foi um Papa de estreias, em vários aspetos: o primeiro que veio do continente americano, o primeiro jesuíta da história a ocupar a cadeira de Pedro, o primeiro a escolher o nome Francisco e o primeiro a rezar com o povo na sua apresentação.
Natural de Buenos Aires, na Argentina, e filho de emigrantes italianos, diplomou-se como técnico químico e, mais tarde, entrou para a Companhia de Jesus. Foi professor em vários colégios jesuítas e estudou teologia em Buenos Aires e na Alemanha, onde aprofundou a sua devoção a Maria.
Com um estilo “todo-o-terreno”, manifestou desde sempre a sua preferência por dar atenção aos mais pobres, desfavorecidos, sem-abrigo, idosos, pessoas doentes e portadoras de deficiência.
No Vaticano, Francisco optou por um pontificado de proximidade, com muitas visitas-surpresa, incluindo a uma loja de discos, a uma farmácia para comprar sapatos ortopédicos e a um oculista para mudar de lentes. Várias vezes desabafou que sentia a falta de andar a pé pelas ruas de Roma e entrar, com amigos, numa pizzaria.
Ao longo destes anos, avançou com a reforma da Cúria, apostou na descentralização, defendeu maior colegialidade dos episcopados, a sinodalidade e até a “conversão do papado”. Valorizou a responsabilidade dos leigos e uma maior presença feminina na Igreja, incluindo em lugares de decisão e Dicastérios do Vaticano.
[Notícia atualizada às 09h53 de 21 de abril de 2025]
Francisco deixou instruções concretas para as suas(...)