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Nas igrejas do Porto, a manhã foi de tristeza

21 abr, 2025 - 16:52 • Teresa Almeida

Dez e meia da manhã, na baixa do Porto. Junto à igreja dos Congregados a azáfama é enorme. Por entre turistas e obras, a vida passa a correr. Os semáforos abrem e fecham sem que dê vazão às centenas turistas que vistam a cidade. Mesmo ali ao lado, a igreja dos Congregados. É para lá que vão muitos desses turistas que, na sua maioria, evitam falar com jornalistas.

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Nas igrejas do Porto, a manhã foi de tristeza Reportagem: Teresa Almeida
Reportagem de Teresa Almeida junto às igrejas dos Congregados e do Marquês, no Porto

Foi uma manhã diferente junto às igrejas dos Congregados e do Marquês, no Porto. Os fiéis que entravam nestas duas igrejas estavam mais tristes nesta segunda-feira. A morte do Papa, que tanto admiravam, marcou-lhes esta segunda-feira de Páscoa.

Dez e meia da manhã, na baixa do Porto. Junto à igreja dos Congregados a azáfama é enorme. Por entre turistas e obras, a vida passa a correr. Os semáforos abrem e fecham sem que dê vazão às centenas turistas que vistam a cidade. Mesmo ali ao lado, a igreja dos Congregados. É para lá que vão muitos desses turistas que, na sua maioria, evitam falar com jornalistas.

Mas lá entram também os habituais, os que ali entram para rezar. Foi com duas dessas pessoas, que habitualmente vão à missa nesta igreja, que pararam e falaram com a Renascença sobre este dia, para eles, triste.

Mãe e filha são unânimes no que dizem sobre Francisco. Têm a certeza de que este Papa deixa um caminho aberto para o Papa que se seguirá: “Ele desafiou todas as leis da Igreja, não é? Ele desafiou todos a pensar e todos a descortinarem o que se passava por trás da Igreja e não teve medo de enfrentar, nem o povo, nem as Nações. Ele enfrentou todos, todos, todos e é uma pena que ele tenha morrido, porque se ele tivesse saúde eu acho que ele faria muito pela paz do mundo. E apesar de não ter feito mudanças na igreja, levou todos a questionarem, todos a pensarem nas questões da Igreja e o caminho que devemos seguir."

É este caminho que o próximo também deve seguir? "Exatamente sim, acho que não tem outra forma de fazer. Se quer ser Papa, vai ter de seguir este caminho.”

Já na Igreja do Marquês, encontramos alguém que acaba de sair da igreja, onde confidencia, foi rezar por Francisco.

Abatido pela notícia, este católico não se importa de parar para falar com a Renascença. Conta que este Papa era uma esperança, um novo rosto da igreja. “Estou triste, muito triste. Sinto muita pena, foi um Papa exemplar. É um Papa que realmente entendia as fraquezas humanas. Temos tantas, não é? Ele entendia, podia não aceitar, mas entendia, por isso é um ícone, era ótimo, gostava dele.”

E tal como este fiel, outros se seguiram. Todos lamentaram esta perda não só para a igreja, como para o mundo.

O mesmo diz outra crente, mais apressada porque a missa estava mesmo a começar. Mesmo assim ainda teve tempo de dizer que a morte do Papa Francisco era uma grande perda para o mundo, sobretudo porque foi um homem corajoso: “Uma grande perda para o mundo. Todos eles foram humanos, mas este Papa, especialmente, debruçava-se sobre atualidades que os outros não focavam tanto, portanto, não sei quem o vai substituir, mas certamente é uma grande perda para o mundo.”

Outra católica fala com a Renascença. Vinha apressada de guarda-chuva na mão e com medo de não apanhar o início da missa. Lá a convencemos a falar um pouco de Francisco. Um Papa que, na sua opinião, era corajoso, um homem com uma mensagem de esperança, com quem sempre se identificou: “Um homem de muita coragem para desenlaçar atualidades que, para muitas pessoas, ainda são um tabu e ele falava dessas coisas naturalmente. É muito importante para os jovens de hoje ter uma pessoa como ele e foi uma pena a sua partida. Certamente sentiremos muita falta.”

Entre o lamento dos fiéis, também havia quem ainda não soubesse da sua morte do Papa. Um fiel, já com idade, olhou-nos incrédulo. “Não sabia, ainda ontem o vi!”, suspirou. “Fiquei sem palavras.”

Ainda chocado, partilha o que pensava de Francisco. “Nunca tivemos nenhum igual, com as suas convicções, sempre a olhar para o próximo. Não olhava a meios, nem raças, nem nada. Sem dúvida, era um Papa excelente. Era corajoso mesmo, tanto nas palavras como nos atos. Também é muito difícil aparecer um igual ou muito parecido. Não vai acontecer tão cedo.”

Mais à frente, travamos os passos de uma outra crente. Já do lado de fora dos portões da Igreja do Marquês, esta mulher de meia-idade fala de um homem sempre muito próximo dos jovens. Foi isso que vivenciou na jornada mundial da juventude onde esteve. "Senti todo aquele calor que ele transmitia a todos e senti o quanto os jovens também gostavam dele.”

Corajoso, um homem de fé para muitas fés, um ícone para os jovens e o que traçou caminhos para uma igreja que se abriu perante temas que até agora eram tabus. É desta forma que os fiéis comuns ouvidos pela Renascença veem Francisco, o Papa que partiu depois de ter feito a sua última aparição em público durante o domingo de Páscoa.

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