21 abr, 2025 - 11:07 • Redação
"É um dia de grande tristeza." Foi com estas palavras que D. Rui Valério reagiu à notícia da morte do Papa, que acontece num dia que considerou ser ainda de "fulgor da alegria pascal". Sobre Francisco, o Patriarca de Lisboa definiu-o como alguém que tinha "três atitudes fundamentais do coração".
O Patriarca começou por dizer, à Renascença, que o "Papa Francisco é o arauto da comunhão". O Papa, considerou D. Valério, foi capaz de "estender a todo o mundo, ir muito além daquilo que são as configurações da instituição e da Igreja em si, ou até do próprio cristianismo" para estender o ato da comunhão, "a base de todo o edifício da Igreja", a todos.
D. Valério recorda também como o Papa se predispôs a ir as periferias: "Reencontramos um novo sentido para as nossas vicissitudes históricas, inclusivamente para a maneira como nos olhamos uns aos outros."
De resto, diz que Francisco era conhecido pela sua simplicidade, pelo sorriso e pela fraternidade. "Ele foi capaz de trazer para o coração, para o centro, aqueles que estavam fora, aqueles que estavam distantes." O Papa, acrescentou D. Rui Valério, foi ao encontro dos migrantes, pediu para olharmos para os pobres e para aqueles que sofrem com a violência e com a guerra.
D. Valério sublinha ainda como o Papa Francisco "foi buscar inspiração ao próprio Francisco de Assis", na sua autenticidade e simplicidade. "Com o Papa Francisco nós sentimo-nos seguros, nós sentimo-nos firmes, nós sentimo-nos motivados", acrescenta D. Valério, relembrando ainda todos os esforços que o Papa fez pela paz na Ucrânia e no Médio Oriente.
"O Papa Francisco mostrava-nos o caminho, o modo como alcançar essa paz. Ele insistia muito que a paz começa por acontecer no coração de cada um", acrescenta.
O Papa Francisco esteve pela primeira vez em Portugal em 2017, em Fátima, aquando do centenário das aparições, e depois nas Jornadas Mundiais da Juventude, em 2023. Dom Valério lembra como, na altura da sua visita, "o Papa celebrizou a frase do 'Todos, todos, todos!'": "Era um Papa dos jovens e para os jovens. Muito se ouvia em Lisboa por esses dias 'esta é a juventude do Papa'".
Para D. Valério, o Papa Francisco simbolizava a própria esperança. "Decidiu designar o ano jubilar em curso como o ano da esperança, em que nos convidava a sermos peregrinos da esperança."
O Patriarca de Lisboa diz ainda como as atitudes do Papa "eram para ser entendidas na luz daqueles sinais que Francisco nos revela na declaração do próprio ano jubilar, onde, além de falar da promessa da vida, além de falar dos prisioneiros, além de falar dos doentes, fala também ali dos jovens". E conclui que Francisco olhava a juventude como sinal de esperança "porque a esperança é realmente a construtora da fraternidade maior".
O Patriarca classifica ainda o pontificado do Papa Francisco como "um pontificado holístico, no sentido em que ele foi verdadeiramente pontífice para um universo inteiro, para um universo total", promovendo o diálogo inter-religioso.
Numa mensagem vídeo divulgado ao final da tarde desta segunda-feira, o patriarca de Lisboa recordou “o querido Papa Francisco”, que considerou “o peregrino da esperança, o peregrino da fraternidade, o peregrino da paz, o peregrino da dignificação de todos os homens e mulheres”.
D. Rui Valério fala num "sentimento de tristeza" e de "orfandade", que "nos invadiu e inundou a alma".
"O mundo, hoje, sente-se, talvez como em nenhuma outra época da história, sente-se órfão. O Papa Francisco era um pai, era uma certeza, era uma segurança. Ele era sobretudo o peregrino da esperança, o peregrino da fraternidade, o peregrino da paz, o peregrino da dignificação de todos os homens e mulheres", sublinha.
O patriarca de Lisboa refere que, "hoje, na glória do Céu, o Papa Francisco continua a exercer aquele magistério de serviço e de entrega pelos outros, que ele testemunhou e que tão coerentemente viveu".
"Obrigado, Papa Francisco, por tudo o que nos disse, por tudo o que nos deu. Obrigado, Papa Francisco, pelo que foi e pelo que é”, sublinha D. Rui Valério.
[notícia atualizada às 20h39]