22 abr, 2025 - 11:02 • João Cunha
Frente ao portão de entrada, o pára-arranca de pais ao volante é constante, para parar uns minutos e deixar os filhos no Colégio do Sagrado Coração de Maria, para o arranque de aulas no terceiro período.
Depois de passarem o controle de acesso, lá se encaminham, quais formigas, para as salas onde já os esperam os professores. Pelo caminho, há quem troque impressões sobre a morte de Francisco e recorde os momentos que viveu com o Papa, na Jornada Mundial da Juventude.
Muitos, como Francisco Araújo, ficaram em choque com a notícia.
"Chocado e triste, porque era um Papa muito importante para mim, para os jovens e também para Lisboa. Mas depois, ao longo do dia, depois das várias celebrações a que fui, não foi difícil perceber que ele, como me disse a minha avó, foi para junto do pai e da mãe", garante este aluno do 12º ano, que sublinha que "era um Papa bastante acessível". E lembra o que já disse aos pais sobre a importância deste Papa.
"Uma pessoa que se fez tão pequena, tão humilde, e que era tão grande".
Também aluna do último ano do secundário, Mariana Rainho aparenta alguma tristeza pela perda de Francisco.
"Quando me disseram que o Papa tinha falecido, foi como se tivesse perdido um avô. Era o meu melhor amigo da Igreja", garante esta jovem, que diz ter percebido com Francisco, que a aproximou da Igreja, que ser católica "é muito mais do que rezar, é muitas outras coisas. É conviver, é ter amigos, é estar pronta para servir a Igreja".
O pontificado de Bergoglio marcou-a pelo facto de "estar sempre a querer muda e a tornar a Igreja mais aberta aos jovens, mais aberta a todos, todos, todos".
Abriu várias portas da Igreja "que ninguém esperava que acontecesse assim tão rápido".
E estar sempre lá para os jovens "foi muito bom".
A simplicidade desconcertante do Papa Francisco foi o que cativou João Lopes, sobretudo quando participou na Jornada Mundial da Juventude.
"Fui muito á descoberta do que era a fé para mim. E descobri um sentimento que não esperava. Algo muito bonito e particular que é a fé. E a sensação de estar perto do Papa acho que é a sensação de estar ainda mais perto de Cristo e ainda mais perto de Deus", adianta João, que espera que o próximo Papa dê continuidade ao que o Papa Francisco fez.
"A Igreja precisa dos jovens e de uma proximidade maior com as pessoas. E isso consegue-se exatamente com as ideias que o Papa Francisco transmitiu. E precisamos de um Papa muito atual, que perceba e se envolva na política, que tenha interesse em proteger os mais desfavorecidos, que esteja aberto ao mundo e que não se feche".
Um Papa que passe "um sentido de esperança e não uma ideia de que a religião é fechada, só para alguns. É para todos", remata João, que sobre a perda de Francisco se emociona.
"É um sentimento de que o Papa olha por nós, agora lá de cima. Guardamos na memória um Papa muito querido, muito próximo, muito generoso, que marcou a história da Igreja e a história da Igreja com os jovens"