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Vítima de abusos na Igreja. Francisco teve um "novo olhar" e conseguia sentir "o drama que vivemos"

22 abr, 2025 - 07:00 • Ana Catarina André

O próximo líder da Igreja será fundamental para que o trabalho desenvolvido pelo Papa argentino tenha continuidade, diz Filipa Almeida, que há quase trinta anos foi vítima deste tipo de crimes. “Com a morte dele, receamos que tudo volte à estaca zero.”

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Filipa Almeida, uma das vítimas de abuso sexual na Igreja em Portugal, considera que o Papa Francisco “teve um papel muito relevante no tratamento” destes casos.

“Quando ele falava em monstruosidade [para se referir a estas situações] era aquilo que todos nós, que passámos por esta situação, sentíamos. Dá para perceber que ele talvez conseguisse sentir um pouco daquilo que nós vivíamos por dentro, e daquilo que é o drama que vivemos desde que aconteceu”, refere Filipa Almeida, em declarações à Renascença.

Aos 45 anos, esta vítima, que foi alvo deste tipo de crimes na adolescência, destaca o papel de Francisco para que se olhasse “para o problema de frente”.

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“Há um novo olhar, um olhar mais desperto, e talvez um desejo de que as coisas se resolvam, ou que haja maior prevenção. Creio que [Francisco] deixa um legado imenso a muitos níveis e que devemos estar agradecidos pelo trabalho que fez”, diz, referindo que há ainda um caminho a percorrer nesta matéria.

Desde que foi abusada por um sacerdote, há quase 30 anos, Filipa Almeida esteve mais de duas décadas anos em silêncio.

Quando Francisco foi eleito, em 2013, e foi criando estruturas na Igreja para combater o fenómeno, como as comissões diocesanas, Filipa foi vendo de forma positiva a existência de “equipas a trabalhar sobre estes assuntos”.

“É muito importante o alerta que se fez e não ter deixado passado o assunto em vão. Com a morte dele, receamos que tudo volte à estaca zero”, afirma, dizendo que “para que este caminho continue” o próximo Papa é fundamental.

Mesmo depois de ter sido vítima de abusos, Filipa Almeida manteve a fé. É católica. Continua a ir à missa e a rezar. Ao olhar para os 12 anos do pontificado do primeiro Papa jesuíta da história, destaca o “apelo à inclusão de todos na Igreja”, muito presente na visita a Portugal, em 2023, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. “Jesus abriu a porta a todos. Todos temos o nosso lugar na Igreja.”

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