24 abr, 2025 - 11:41 • Ana Catarina André, enviada especial a Roma
João e Carolina Bacalhau aterraram em Roma, Itália, às duas da manhã de terça-feira, menos de 24 horas depois da morte de Francisco. Às sete já estavam na Praça de São Pedro, para acompanhar a cerimónia da transladação do corpo do Papa, da Casa de Santa Marta para a Basílica de São Pedro.
Os dois portugueses, casados desde 2019, estiveram cinco horas na fila até chegarem junto à urna. “Atrás de nós, estava outro casal de portugueses que também viajou à última hora para se despedir do Papa. Viemos no mesmo voo. Metemos conversa e começámos a perceber que tínhamos muitos pontos em comum: a prematuridade dos nossos filhos, alguns padres que conhecemos. No final, parecia que tínhamos feito juntos uma peregrinação de cinco horas”, conta João Bacalhau, de 34 anos.
A longa fila que dava várias voltas na Praça de São Pedro compensou, garantem. “Quando lá chegámos, contemplamos a basílica e percebemos que estávamos ali para fazer caminho. Aqueles segundos junto ao corpo do Papa foram muito simbólicos, mas o mais importante foi o caminho que fizemos até lá”, diz o português, contando que, no final, acabaram os quatro a rezar numa das capelas da basílica como se se conhecessem há muito tempo.
João e Carolina Bacalhau viajaram de propósito de Lisboa para Roma, para prestar a última homenagem a Francisco.
“Para nós foi muito claro que tínhamos de estar presentes. Quando recebemos a notícia, na segunda-feira, começámos a perceber como é que poderíamos tornar possível a vinda até aqui”, diz a portuguesa, de 31 anos, contando que procuraram de imediato conciliar os voos, o alojamento, e perceber com quem poderiam deixar a filha, de 3 anos. “À medida que íamos avançando, sentimos que Deus estava a providenciar a nossa vinda até cá”, acrescenta.
O casal sempre se sentiu próximo do Papa. Ainda enquanto namorados, estiveram os dois em Fátima, em 2017, quando o Papa ali esteve para a canonização dos pastorinhos. Mais tarde, quando se casaram receberam a bênção papal.
“Desde aí, ficou como que pendente virmos a Roma, para virmos à audiência geral e recebermos a sua bênção”, recorda João, dizendo que fizeram questão de lhe vir agradecer.
“A nossa filha quando entra em casa, sabe que temos lá o quadro com a bênção e diz: ‘Olha o Papa Francisco.’ Também nos marcou muito a alegria com que ela viveu a visita do Papa a Portugal, na JMJ, mesmo sendo tão pequena”, diz.
E acrescenta: “Mesmo que não tenhamos privado com ele, é um Papa que deixou tanto à nossa família. Queremos perpetuar aquilo que nos transmitiu, tão profundo, tão terreno, com tanta praticidade para a nossa vivência de casal.”