25 abr, 2025 - 17:47 • Aura Miguel, enviada especial a Roma
A situação do cardeal Angelo Becciu está a dominar a opinião pública, a propósito dos preparativos para o Conclave.
A polémica surge porque o referido cardeal, de 76 anos, suspenso pelo Papa dos seus direitos cardinalícios, em 2020, exige agora poder votar no próximo Conclave.
Acusado de fraude e condenado pelo tribunal Vaticano a uma pena de cinco anos e meio, por ter adquirido um imóvel de luxo, em Londres, com fundos da Secretaria de Estado do Vaticano, no valor de 200 milhões de euros, Becciu, no entanto, ainda aguarda o resultado do recurso que apresentou.
Nos anos seguintes à decisão do Papa, e apesar da suspensão dos seus direitos cardinalícios, o cardeal foi convidado por Francisco a participar nas celebrações pontifícias mais solenes, presença que Becciu sempre aceitou, passando a integrar o grupo de cardeais que vivem em Roma, como aconteceu, na missa do passado domingo de Páscoa.
Agora, nas congregações gerais que decorrem no Vaticano desde a morte do pontífice, Becciu já declarou à imprensa que ninguém o pode impedir de exercer o seu direito de voto no Conclave porque não existirem documentos escritos que o impeçam.
Segundo revela a imprensa italiana desta manhã, o plenário dos cardeais decidiu esperar pelos próximos dias até que todos estejam presentes e, assim, poderem tomar uma decisão sobre se Becciu poderá ou não votar. A mais recente novidade é que, numa destas reuniões, o cardeal Pietro Parolin terá mostrado a Angelo Becciu duas cartas com selo pontifício e assinadas por Francisco - uma em 2023 e a outra em março deste ano, quando já estava internado no hospital Gemelli - a excluí-lo do Conclave.
Interrogado pelos jornalistas sobre este caso, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, respondeu apenas que “eventuais esclarecimentos, só depois do funeral do Santo Padre”.