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Renascença em Roma

“Simplicidade e coerência". Cardeal explica razões do Papa para ficar em Santa Maria Maior

25 abr, 2025 - 19:00 • André Rodrigues, enviado especial a Roma

Cardeal lituano Rolandas Makrickas explica que Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, por vontade sua pessoal. O simples túmulo com a inscrição "Franciscus" reflete vida de humildade e devoção mariana.

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Porque vai o Papa Francisco ficar em Santa Maria Maior? Cardeal da Basílica explica
Porque vai o Papa Francisco ficar em Santa Maria Maior? Cardeal da Basílica explica

Na véspera do funeral do Papa Francisco, com a Praça de São Pedro encerrada desde as 17h00 em Roma, os percursos de fiéis e turistas começam a desviar-se da cidade do Vaticano para a Basílica de Santa Maria Maior. Só esses é que conseguem entrar naquela que será a última morada do Papa. "Jornalistas não podem entrar na Basílica", diz à Renascença um dos agentes da polícia italiana num dos postos de controlo de segurança.

Porquê? "Ordens do comandante", finaliza, desviando o olhar para o ajuntamento de jornalistas que aguarda a conferência de imprensa do Cardeal Coadjutor de Santa Maria Maior.

O lituano Rolandas Makrickas revelou esta quinta-feira que a decisão do Papa Francisco de ali ser sepultado é “profundamente simbólica” e reflete a “simplicidade e a coerência que marcaram o seu pontificado”.

A Senhora disse-me: prepara o túmulo”, lembrou relatou o Cardeal, evocando uma frase durante uma conversa com Francisco, em maio de 2022.

“Nessa altura, o Santo Padre disse estas palavras: estou feliz porque a Virgem não se esqueceu de mim.”

No breve encontro que teve com os jornalistas à porta da Basílica de Santa Maria Maior, o cardeal lituano recordou que, inicialmente, Francisco havia recusado a ideia de não ser sepultado na Basílica de São Pedro, como é tradição entre os Papas.

Uma semana depois, mudou de ideias e contactou o Cardeal Makrickas desde a Casa Santa Marta, manifestando o desejo de ser sepultado em Santa Maria Maior, junto da imagem da Salus Populi Romani.

A basílica "tem, também, uma ligação especial à espiritualidade jesuíta: foi ali que Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, celebrou a sua primeira Missa. Francisco, o primeiro Papa jesuíta, celebrou ali em silêncio, no mesmo altar, antes de várias das suas viagens apostólicas”, acrescenta.

O túmulo onde Francisco ficará sepultado fica numa das naves laterais, entre a Capela Paulina e a Capela Sforza e junto ao altar de São Francisco: “O Santo Padre quis um túmulo simples, sem adornos, com uma única inscrição: Franciscus, e a sua cruz peitoral, ampliada”, explicou Makrickas.

Com esta decisão, Francisco torna-se o primeiro Papa jesuíta a repousar no mais antigo santuário mariano do Ocidente, juntando-se aos sete Papas já sepultados na basílica, “incluindo Nicolau IV, o primeiro Papa franciscano, e São Pio V, dominicano”.

Há uma profunda coerência entre a sua vida e esta escolha. Tal como recusou viver no Palácio Apostólico, preferindo Santa Marta, também quis concluir a sua missão num espaço simples, mas cheio de significado”, concluiu o Cardeal Makrickas.

Na véspera do funeral de Francisco, milhares de fiéis e turistas enfrentam horas na fila para entrar naquela que, a partir de amanhã, será a última morada física do Papa Francisco.

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