26 abr, 2025 - 15:32 • Pedro Mesquita, enviado da Renascença a Roma
O mundo manifestou “gratidão a Francisco” no funeral deste sábado, diz o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa entrevista à Renascença em que olha já para o Conclave que vai eleger o novo Papa.
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O que destaca das cerimónias fúnebres do Papa Francisco?
O importante desta cerimónia é a gratidão a Francisco, a sua mensagem e a sua marca para o futuro. Foi uma homilia feita ‘à Francisco’. Não é uma homilia para preparar o Conclave, em que o celebrante quer tocar vários pontos, como que chamando a atenção dos conclavistas. Não, foi um pouco, claro, à Francisco era impossível, porque ele era insubstituível, mas era no estilo de, com invocações da sua passagem no mundo, da sua mensagem.
As pessoas estavam de facto muito compenetradas, de tal maneira que o mundo político que cá veio, que era a coisa menos importante, apesar de tudo, só representava os Estados e as sociedades, sentiu a pressão dos acontecimentos e aquele encontro inesperado do Presidente dos Estados Unidos e do Presidente da Ucrânia, em plena Basílica de São Pedro.
Conseguiu saber algum detalhe sobre essa conversa?
Não consegui saber detalhes, mas foi muito curto, mas foi significativo.
E o Sr. Presidente, chegou a falar com os outros convidados, com Donald Trump, por exemplo?
Eu fiquei sentado mesmo atrás do Donald Trump.
Chegou a falar com ele?
Falei um pouco com ele, sobretudo assisti a longas conversas dele com o vizinho do lado, que era o Presidente da Estónia, portanto é uma questão óbvia que é um bocadinho a questão do momento.
Mas o importante foi que vi que todos os chefes de Estado, e ele próprio, estavam muito impressionados pelo momento espiritual. Houve momentos mesmo até que ficaram quase emocionados quando foi a parte do rito bizantino.
Vem aí um Conclave. O mundo esteve atento às palavras de Francisco, que era muito ouvido. Que perfil é que o mundo espera de um novo Papa?
Não sei, eu sei que os conclavistas foram escolhidos num número muito elevado pelo próprio Papa Francisco, mas não se conhecem entre si, nunca estiveram muito tempo entre si a falar.
Apesar do espírito de sinodalidade, de sínodo coletivo, mas não se conhecem bem, conhecem sim quem está em Roma. O nosso cardeal Tolentino é conhecido por todos os que vêm a Roma, o cardeal Parolin é conhecido por todos os que vêm e falam com ele. Portanto, vai ser muito importante conhecer o que é que esse eixo que está em Roma, que conhece bem e conhecia o pensamento de Francisco, vai servir de ponte nas congregações, para que as pessoas encontrem luzes, porque há linhas tão diferentes. Há quem esteja mais próximo do estilo de Francisco, há quem esteja mais longe do estilo de Francisco.
E temos quatro cardeais portugueses…
Nós temos quatro cardeais, cá está, muito diferentes entre si, na idade, nos percursos, na presença em Roma. Um muito presente em Roma, mas muito novo [D. José Tolentino Mendonça]; o outro que ficou ligado por causa da Jornada Mundial da Juventude, mas que também ainda é mais novo [D. Américo Aguiar]; depois, os dois, um dos quais que poderia estar em Roma, e o Papa bem quis que eu viesse para Roma, mas ele, que é o D. António Marto, preferiu ficar na sua diocese, depois de cessar as funções que tinha.
Portanto, uma coisa é certa: a escolha vai ser entre uma solução de transição, de quem conhece o pensamento de Francisco e faz pontes, ou uma solução muito marcada, como foi a de Francisco. Não costuma ser assim, depois de alguém muito marcante, haver outro muito marcante. Normalmente aconteceu, a seguir a João Paulo II, ser Bento XVI, que era marcante, mas num estilo completamente diferente. Vamos ver.