27 abr, 2025 - 10:35 • Aura Miguel , enviada a Roma
A Praça de São Pedro foi esta manhã invadida por milhares de adolescentes provenientes de todo o mundo para participar no jubileu dos adolescentes e na missa de canonização do jovem beato Carlo Acutis. A Santa Sé avança que 200 mil pessoas assitiram à eucaristia
Com a morte de Francisco, a canonização (que só pode ser realizada pelo Papa) foi cancelada, mas tudo o que estava programado foi mantido. Paradoxalmente, esta celebração do domingo da misericórdia coincidiu com a segunda missa exequial que, segundo as regras da Santa Sé, deve ser celebrada nos nove dias após a morte do Santo Padre.
“A alegria pascal, que nos sustenta na hora da provação e da tristeza, hoje é algo que quase se pode tocar nesta praça”, disse o cardeal Pietro Parolin na homilia. “É visível sobretudo nos vossos rostos, queridos meninos e adolescentes que viestes de todo o mundo para celebrar o Jubileu."
Interrompido por aplausos, sempre que o nome do Papa Francisco foi referido, o ex-Secretário de Estado do Vaticano saudou de modo especial os milhares demiúdos provenientes do todo o mundo, “com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar”.
A propósito da festa da Divina Misericórdia que se celebra neste domingo, Parolin sublinhou que “a misericórdia do Pai, maior do que os nossos limites e os nossos cálculos”, foi o que caracterizou o Magistério do Papa Francisco, a sua intensa atividade apostólica e o programa do seu pontificado.´
“É importante acolher como um precioso tesouro esta indicação na qual o Papa Francisco tanto insistiu. E - permiti-me dizê-lo - o nosso carinho por ele, que se manifesta nestas horas, não deve permanecer uma simples emoção do momento; devemos acolher o seu legado e torná-lo vida vivida, abrindo-nos à misericórdia de Deus e tornando-nos também nós misericordiosos uns para com os outros”, afirmou.
Aos adolescentes, Parolin apontou o caminho: “Somos chamados a comprometer-nos em viver as nossas relações não já segundo critérios calculistas ou ofuscados pelo egoísmo, mas abrindo-nos ao diálogo com o outro, acolhendo quem encontramos no caminho e perdoando as suas fraquezas e os seus erros. Só a misericórdia cura e cria um mundo novo, extinguindo os focos de desconfiança, ódio e violência: este é o grande ensinamento do Papa Francisco."
O cardeal italiano recordou que Francisco “foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia” e que “não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos e, sobretudo, nunca pode haver paz se não aprendermos a perdoar-nos reciprocamente, usando entre nós a mesma misericórdia que Deus tem para com a nossa vida.”
O Secretário de Estado do pontificado cessante referiu-se com carinho “ao nosso amado Papa Francisco”, memória particularmente viva também entre os funcionários e fiéis da Cidade do Vaticano, muitos deles presentes nesta missa a quem agradeceu o serviço que prestam diariamente. “A vós, a todos nós, ao mundo inteiro, o Papa Francisco envia do Céu o seu abraço”, concluiu.