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Reportagem

“Com tantos jovens na Praça, o Papa Francisco deve estar a sorrir no céu”

27 abr, 2025 - 16:29 • Ana Catarina André , Maria João Costa , em Roma

Milhares de jovens participaram este domingo, no Jubileu dos Adolescentes, no Vaticano. “Seria muito melhor que [o Papa] estivesse aqui, vivo, mas ainda assim é uma experiência muito bela”, diz uma adolescente italiana.

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De bandeiras na mão, alguns vestidos de escuteiros, outros com t-shirts com o nome dos movimentos ou paróquias que integram, 200 mil pessoas juntaram-se esta manhã de domingo, na Praça de São Pedro, no Vaticano, para participarem no Jubileu dos Adolescentes. Planeavam encontrar-se com o Papa e participar na canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo millenial, mas com a morte de Francisco, há uma semana, acabaram por se deparar com o Vaticano em sede vacante.

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Alicia, de 16 anos, viajou para Roma com mais três mil jovens da diocese de Treviso, no norte de Itália. “É muito bonito que não se tenha cancelado o Jubileu na sequência da morte do Papa. É um belo sinal de esperança para os jovens e também para quem passa por maiores dificuldades”, refere a adolescente, que considera que este encontro é “uma bela experiência”.

“Para além de estar com pessoas que têm mais ou menos a minha idade, também estou com jovens de outras dioceses e fiz amizades com pessoas que não conhecia bem”, acrescenta, dizendo que Carlo Acutis “é um bom exemplo para os jovens”. “Tenho a certeza que será santificado assim que for possível. É um bom sinal para todos os jovens que qualquer um pode fazer o bem.”

Ao seu lado, Enola, de 15 anos, diz que é “uma honra” estar num local onde o Papa Francisco passou tanto tempo. “É difícil estar aqui, mas fazemo-lo pela Igreja”, diz, referindo-se à tristeza causada pelo desaparecimento do primeiro Papa jesuíta da História. “Seria muito melhor que ele estivesse aqui, vivo, mas ainda assim é uma experiência muito bela.”

D. Rui Valério: “Vieram realmente em peregrinação”

Ainda que os italianos estejam em maioria, há espanhóis, alemães, norte-americanos, coreanos e croatas, entre outros. Também se encontram portugueses entre a multidão. D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa, tem acompanhado o grupo que veio da sua diocese. “Sobressai um profundo sentido de espiritualidade, de silêncio e depois, maravilhosamente e encantadoramente, são jovens que redescobriram e vivem o sentido da importância do sacramento da reconciliação”, diz o bispo, que considera que “não vieram apenas pela festa”. “Vieram realmente peregrinação.”

"São jovens que redescobriram e vivem o sentido da importância do sacramento da reconciliação" - D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa

Entre os fiéis que participam na missa, na assembleia, há também centenas de religiosos. É o caso da religiosa alemã Francisca, das Missionárias do Preciosíssimo Sangue que afirma que, diante de uma celebração com tantos jovens, sente “uma alegria”.

“É um sinal de esperança de que há futuro”, diz. “Não interessa muito que a canonização não tenha acontecido hoje. Estes jovens conhecem o Carlo Acutis, que usou os media de uma forma muito construtiva e fiel. Era um jovem doente o que mostra que, mesmo que se tenha deficiência ou se seja doente ou qualquer outra coisa, se pode fazer algo de muito significativo na sua vida”.

E acrescenta, feliz: “Com tantos jovens na Praça, o Papa Francisco deve estar a sorrir no céu”.

A missa deste domingo foi presidida pelo Cardel Pietro Parolin, até agora Secretário de Estado do Vaticano, que lembrou por diversas o Papa argentino e disse que “não basta a emoção para acolher o legado de Francisco”.

“God is good”, canta um grupo de americanos

Os peregrinos chegaram antes das oito da manhã. Se no sábado o ambiente foi de solenidade, no funeral do Papa Francisco, este domingo houve cânticos e palmas à chegada ao recinto, lembrando a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa em 2023.

Antes mesmo de passarem o detetor de metais para entrarem na Praça de São Pedro, alguns dos que escolheram a fila do lado direito da Basílica de São Pedro tiveram uma receção diferente. Um grupo de norte-americanos de Houston, no Texas, alguns dos quais de origem vietnamita, cantava “God is good” (Deus é bom). De casacos vermelhos, bandeiras e um estandarte no ar iam dando ânimo a quem ia chegando.

Uma dessas norte-americanas, de 80 anos, explica que veio propositadamente para a canonização do jovem Carlo Acutis. Ainda assim, apesar do adiamento, quis juntar-se aos adolescentes.

Cantam, batem palmas e despertam a curiosidade, mas também o espanto dos jovens e adolescentes que vieram participar nesta missa que inundou pelo segundo dia consecutivo a Praça de São Pedro.

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