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​Renascença em Roma

Ana não pode ver. Queria estar com o Papa que “escancarou as portas para todos”

29 abr, 2025 - 07:00 • André Rodrigues , enviado especial a Roma

"Sentimento agridoce" por não poder encontrar-se com Francisco é compensado pelo “bem maior, que é promover a participação da pessoa com deficiência”. Ana veio ao Jubileu das Pessoas com Deficiência com um grupo de 31 pessoas de Lisboa e do Porto, 10 das quais são deficientes.

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Estar em Roma e encontrar-se com o Papa. Ana tinha essa expetativa, quando se lançou à organização da peregrinação do Jubileu das Pessoas com Deficiência que termina esta terça-feira, no Vaticano.

Aos 36 anos, esta mulher, praticamente cega, lidera um grupo de 10 pessoas com deficiência das dioceses de Lisboa e do Porto. E faz parte da Comunidade Católica com Deficiência Visual, na Conferência Episcopal Portuguesa.

A ausência física de Francisco num momento tão importante deixa “um sentimento agridoce”, começa por admitir à Renascença.

Ana recorda “com saudade” o Papa que resgatou os mais frágeis à irrelevância e que “escancarou as portas para todas as pessoas da sociedade, designadamente as pessoas com deficiência, que até há bem pouco tempo não tinham um papel de importância”.

E, ao dizer isto, sorri. O olhar de quem não vê pode ser muito seguro e expressivo, sacode o desalento por não viver esse momento e prefere focar-se no essencial: “estamos aqui em prol de um bem maior, que é promover a participação da pessoa com deficiência na Igreja”.

Ana nasceu na Guarda, mas, desde 2021, vive em Gondomar, onde trabalha como psicóloga. Garante que nenhuma limitação física ou adversidade a impediram de ser quem quer ser.

Um sinal de esperança? “Sim, mais ainda porque estamos em pleno tempo pascal” e na transição entre Francisco e o futuro líder da Igreja Católica.

Temos de acreditar que quem vai suceder a Francisco será um Papa também com grandeza de coração, com proximidade, com sensibilidade, tem de ser um Papa conciliador, um Papa dos povos, um Papa que escute, que acolha, que receba toda a gente e que integre todos, todos, todos”, essa frase que para sempre há de fazer a memória dos dias de Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

Mas Ana diz que também consegue ver a esperança e a proximidade aos frágeis em situações muito concretas do seu próprio dia-a-dia.

“Por exemplo, quando alguém se aproxima de mim na rua para me ajudar, ou para me descrever um sítio”, exemplifica, com a voz determinada e com a esperança que, garante, sempre a acompanhou. “É isso que faz superar os desafios”.

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