O Banco de Portugal (BdP) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estão a investigar os investimentos feitos pelo antigo presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho, em cotadas portuguesas, entre as quais, a SAD do Sporting.
A informação consta da resposta enviada pelo supervisor do mercado de capitais português a dois requerimentos apresentados pelo deputado Duarte Marques, do PSD, e que fazem parte da lista de documentos relativos à Comissão Parlamentar de inquérito à gestão do BES/GES.
"No âmbito das atribuições da CMVM e em articulação, designadamente, com o Banco de Portugal [BdP], estão em curso e serão realizadas as diligências reputadas necessárias e adequadas ao apuramento da origem e ao acompanhamento das operações financeiras referenciadas nas perguntas feitas pelo senhor deputado", lê-se no documento enviado na passada quarta-feira ao Parlamento pela entidade liderada por Carlos Tavares (
em PDF).
Esta resposta surgiu quase dois meses depois de o deputado social-democrata ter enviado dois requerimentos à CMVM.
Num deles, Duarte Marques questiona se "os movimentos financeiros e investimentos feitos pelo dr. Álvaro Sobrinho mereceram da parte da CMVM algum rastreio no que diz respeito à origem desses capitais" e se "está a CMVM disposta a verificar e seguir o rasto e a origem das verbas utilizadas por empresas detidas ou geridas pelo dr. Álvaro Sobrinho na aquisição ou investimento em empresas em Portugal, cotadas ou não".
Álvaro Sobrinho, o Sporting e a alegada influência na contratação de Jesus
No final do ano passado, num esclarecimento feito pela Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sporting à CMVM, ficou a saber-se que a empresa angolana Holdimo, ligada a Álvaro Sobrinho, já detinha quase 30% da SAD do clube leonino.
Recentemente, o nome do empresário angolano foi ligado à chegada de Jorge Jesus ao comando técnico do Sporting, sobretudo devido aos altos valores salariais garantidos pelos leões para assegurar a contratação do treinador bicampeão nacional pelo Benfica.
O Sporting aceitou pagar cerca de seis milhões de euros a Jesus, alegadamente com o alto "patrocínio" de Sobrinho. A SAD verde e branca, contudo, desmentiu liminarmente este cenário.