28 jun, 2018 - 13:18
Bruno de Carvalho quebrou, esta quinta-feira, o silêncio, para se assumir o maior culpado pela crise diretiva no Sporting, que culminou na saída do ex-presidente do Sporting de forma precoce, com destituição.
Em "post" no Facebook, Bruno assume que finalmente conseguiu "despir a camisola" de presidente e "olhar para trás e de forma calma olhar para tudo". O presidente destituído dos leões reconhece que, através do discurso inflamado, passou de popular a populista.
"Nunca quis ser um Líder populista. Um demagogo de frases feitas, que age para seu benefício e que quer levar as massas por promessas ocas mas apelativas. Pelo contrário, sempre quis ser um Líder popular, com os pés assentes na terra, com um discurso mobilizador que voltasse a devolver o orgulho e respeito a um Clube que estava adormecido, resignado e sem energia. E aqui acho que começou um pouco a confusão entre ser popular ou populista", escreve o anterior líder leonino.
Bruno explica que era importante empregar um discurso de força "para 'acordar' os sportinguistas" e devolver-lhes a crença de que o clube podia voltar a ser grande. "Um discurso ambicioso, virado para dentro e para fora, demostrando ao Mundo que estávamos aqui para vencer tudo e exigir de volta o que tinhamos perdido: Respeito", esclarece.
"O maior culpado fui eu"
Apesar das boas intenções, Bruno admite que abriu "uma guerra geracional" e compreende que a "pressa de devolver alegrias" aos sportinguistas pode ter sido vista como "ação de um populista".
"Mas nunca foi essa a minha intenção. Prometemos um Clube que voltasse a ser a Maior Potência Desportiva Nacional e conseguimos esta época provar isso, de forma inequívoca", assinala, acrescentando: "Mas confesso que se olhar bem, se olhar profundamente, a pressa com que tudo foi feito, o trabalho 24h/24h que não permitiu um sentido mais diplomático de actuação, pode ter deixado uma imagem errada a muitas pessoas. Fui pouco hábil na diplomacia, pois não tinha mãos a medir".
Bruno considera que "a vontade de fazer sempre mais" levou a que o discurso "não fosse moderado", num contexto em que não devia ter criado "desgaste e ruptura". Mas aponta: "Quando mais sucesso mais e maiores os ataques sofridos. Quanto mais ataques mais necessidade de defender o Clube com unhas e dentes. Quanto mais se defendou o Clube com unhas e dentes mais o discurso começou a parecer destrutivo, belicista, nunca apaziguador... Um ditador arrogante mas afinal era só um Líder apaixonado e disposto a dar a vida pelo nosso Clube".
O Sporting conseguiu ter sucesso, mas a imagem pessoal de Bruno "ficou totalmente deturpada aos olhos de muitos". O presidente destituído não vira as costas à responsabilidade: "O maior culpado fui eu".