26 fev, 2017 - 10:53
Uma exposição com mais de 500 fotografias de Alfredo Cunha, que cobrem quase 50 anos de trabalho, é inaugurada a 3 de Março na Galeria Municipal do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa.
Intitulada "Tempo depois do tempo. Fotografias de Alfredo Cunha 1970-2017" a retrospectiva apresenta diversas imagens que ficaram na história do país ainda antes do 25 de Abril de 1974, de acordo com a organização, a cargo das Galerias Municipais de Lisboa.
Momentos que ficaram na memória colectiva dos portugueses, como as imagens do capitão Salgueiro Maia no dia da Revolução dos Cravos, ou dos contentores chegados das ex-colónias africanas portuguesas ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, vão ser integradas nesta exposição.
Salgueiro Maia, durante o 25 de Abril. Foto: Alfredo Cunha
Ao longo de 47 anos, Alfredo Cunha captou, não só factos históricos como rostos anónimos pelo mundo inteiro: a queda do ditador Nicolae Ceausescu, na Roménia (em 1989), a guerra no Iraque, país onde esteve em 2003 e ao qual regressou várias vezes na última década.
Em 2012 tornou-se fotojornalista freelancer e participou no projecto comemorativo dos 30 anos da Assistência Médica Internacional "Três Décadas de Esperança", que o levou a percorrer países como o Níger, a Roménia, o Bangladesh, a Índia, o Haiti, o Sri Lanka, a Guiné-Bissau e o Nepal.
Funeral em Bucareste, na Roménia (1999). Foto: Alfredo Cunha
No quadro destas viagens criou o livro "Toda a esperança do mundo", tendo também publicado reportagens nos jornais Expresso e Público.
Nascido em 1953, em Celorico da Beira, neto e filho de fotógrafos, Alfredo Cunha foi cedo influenciado pelo pai António, que começou a levá-lo a fotografar casamentos com cerca de 10 anos.
Mãe e filho, no Níger, um dos países mais pobres do mundo, onde há aldeias de escravos (2014). Foto: Alfredo Cunha
O seu trabalho também foi inspirado na obra de fotógrafos como Philip John Griffiths, Eugene Smith, Cartier-Bresson, Ferdinando Scianna, James Natchwey, Eugene Richards, Cristina Garcia Rodero e Josef Koudelka.
Reconhecido pela crítica como um dos maiores fotojornalistas da actualidade, foi distinguido com prémios nacionais e internacionais, entre as quais a Comenda do Infante D. Henrique, em 1995.
Vindimas no Douro (1997). Foto: Alfredo Cunha
Parte da sua colecção encontra-se no Centro Português de Fotografia do Porto e no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, de que é o maior doador, tendo contribuído com mais de 500 fotografias em papel e mais de 5.000 digitalizadas, segundo o comunicado das Galerias Municipais.
Alfredo Cunha iniciou em 1970 a sua carreira profissional em fotografia publicitária e comercial e, no ano seguinte, em 1971, a carreira de fotojornalista no "Notícias da Amadora".
Vila Verde (1999). Foto: Alfredo Cunha
Trabalhou para o jornal "O Século" e para "O Século Ilustrado" (1972), na Agência de Notícias Portuguesa - ANOP (1977), nas agências de Notícias de Portugal (1982) e Lusa (1987).
Adicionalmente, trabalhou no jornal "Público" como fotógrafo e editor entre 1989 e 1997, na revista semanal "Focus", na RTP, no "Jornal de Notícias" e na "Global Imagens".
Guiné Bissau (2015). Foto: Alfredo Cunha
Publicou diversos livros de fotografia entre os quais "Raízes da Nossa Força" (1972), "Vidas Alheias" (1975), "Disparos" (1976), "Naquele Tempo" (1995), "O Melhor Café" (1996), "Porto de Mar" (1998), "Cuidado com as crianças" (2003), "Cortina dos Dias" (2012), "O grande incêndio do Chiado" (2013), "Os rapazes dos tanques" (2014) e "Felicidade" (2016).
A retrospectiva - organizada por décadas e em núcleos, desde o nacional, internacional, retratos e AMI - vai ser inaugurada no dia 3 de Março, às 19h00, e ficará patente até 25 de Abril.