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​36 anos depois, a estreia do único filme de Manuela Serra que conta a “história de todos nós”

17 jun, 2021 - 15:57 • Maria João Costa

“O Movimento das Coisas” chega esta quinta-feira às salas de cinema, 36 anos depois de ter sido feito. “É um filme para sentir”, diz a realizadora aos 73 anos. Manuela Serra lembra que a película “é mais doce”, mas gosta do trabalho de digitalização do seu único filme.

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Manuela Serra começa por avisar a jornalista: “não sei se lhe disseram, mas eu não gosto de falar”. A realizadora, que aos 73 anos vê chegar às salas de cinema o seu único filme, diz sobre “O Movimento das Coisas” que é, tal como ela, um “filme de poucas palavras”.

Trinta e seis anos depois de ter sido rodado, e sem nunca ter estreado numa sala de cinema em Portugal, “O Movimento das Coisas” conhece agora a luz do dia. Sobre ele, Manuela Serra diz ao Ensaio Geral da Renascença que “é um filme para sentir, que sugere um sonho”.

Ao mesmo tempo, a realizadora explica paradoxalmente que este “é um filme sem história, ou a história de todos nós”. Rodado numa aldeia do concelho de Viana do Castelo, este filme retrata o quotidiano de uma comunidade rural portuguesa de então.

Sobre a sua rodagem que se passou em dois momentos destintos, Manuela Serra conta: “nunca me esqueço do que se passa na aldeia, mesmo no interior das casas. Ao mesmo tempo, há um rio, uma paisagem e integro sempre tudo o que se passa. Em tudo o que mostro, está sempre muito presente tudo o que se passa”.

Mulher de falas pausadas, Manuela Serra filmou esta vida na aldeia depois de um período fora do país. Tinha estado em Bruxelas, recorda a cineasta à Renascença. As primeiras filmagens aconteceram em 1979, mas só terminou o filme em 1985.

A longa metragem, que quase parece um trabalho antropológico sobre a realidade portuguesa de há 40 anos, estreou no Festival de Mannheim, na Alemanha, onde foi premiado. É um filme onde os habitantes da aldeia se tornaram atores.

Manuela Serra recorda que criaram “laços”. “Estive lá antes e fui construindo com elas, o que elas seriam capazes de fazer diante de uma câmara. Fui sempre perguntando se eram capazes de fazer pequenas ficções, que não eram muito diferentes do que elas realmente faziam. E elas iam concordando comigo” conta a realizadora.

“O Movimento das Coisas” nunca chegou ao circuito comercial português. Agora será exibido numa versão digital, uma cópia restaurada pela Cinemateca Portuguesa que deixou Manuela Serra muito satisfeita. A realizadora explica que para si, “pelicula e digital é sempre diferente”. Manuela Serra faz uma analogia. “Digamos que a película é mais doce, mas estou satisfeita com o que vi, com o trabalho”.

"O Movimento das Coisas" estreia nos Cinema Ideal, em Lisboa; no Cinema Trindade, no Porto, e no Alma Shopping, em Coimbra.

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