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Morreu Jean-Luc Godard

13 set, 2022 - 09:24 • Lusa

Realizador foi pioneiro do movimento "Nova Vaga" francesa. Tinha 91 anos.

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O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard morreu esta terça-feira, aos 91 anos.

Como François Truffaut, Jacques Rivette ou Eric Rohmer, Jean-Luc Godard começou como crítico de cinema na década de 1950 antes de passar à direção em 1959 com "A bout de souffle", um filme icônico da New Wave com Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg.

Parte fundamental da ‘Nouvelle Vague’ francesa, movimento que revolucionou o cinema a partir dos anos 1950, Godard tem uma longa carreira premiada, que vai desde o galardão de melhor realizador, em Berlim, logo por “O Acossado”, até um Óscar honorário, entregue em 2010 numa cerimónia à qual não compareceu.

Realizadores como o norte-americano Quentin Tarantino, que chegou a ser cofundador de uma produtora intitulada “Bando à Parte”, referiram-se a Godard como um “libertador”: “Para mim, Godard fez aos filmes aquilo que Bob Dylan fez à música. Ambos revolucionaram as suas formas”, disse Tarantino, numa entrevista de 1994 com a Film Comment.

Apesar do seu trabalho artístico muito reconhecido, este não era muito consensual.

Nascido em Paris, em 1930, Godard passou os primeiros anos da sua formação na Suíça, tendo estudado Etnologia na Sorbonne, em Paris, onde “conversas de café com estudantes e um trabalho manual numa barragem” constituíram grande parte da sua aprendizagem, que inspirou a primeira curta-metragem, “Opération Béton”, de 1954, lembra a biografia disponível na Enciclopédia Britânica.

O cineasta é lembrado com saudade

As reações à morte de Godard não se fizeram esperar: o britânico Edgar Wright escreveu, no Twitter, que, apesar de iconoclasta, o realizador “reverenciava o sistema de Hollywood, já que, provavelmente, nenhum outro cineasta inspirou tantas pessoas a pegar numa câmara e começar a filmar”.

Em Portugal, o Presidente da República lembrou hoje com saudade o cineasta Jean-Luc Godard, afirmando que a Nova Vaga marcou a sua juventude, e considerou que a sua morte "simboliza a morte de uma certa ideia de cinema".

O Presidente da República acrescenta que da geração da Nova Vaga francesa, Jean-Luc Godard "teve a carreira mais longa, mais diversa e, a vários títulos, mais radical" e conclui: "A sua morte, nomeadamente para quem é do tempo de 'O Acossado' ou 'Pedro, o Louco', simboliza a morte de uma certa ideia de cinema".

Para António Preto, investigador e diretor da Casa Manoel de Oliveira, Jean-Luc Godard "é alguém que sempre pensou o cinema, e sempre fez um cinema, na órbita do que se pode entender como um cinema político. E fazer um cinema político é questionar o cinema enquanto forma e meio de expressão e enquanto instituição".

Jean-Luc Godard ficou conhecido “pelo seu estilo de filmar iconoclasta, aparentemente improvisado, bem como pelo seu inflexível radicalismo.

[Notícia atualizada às 14:00]

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