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Alfredo Cunha. "Se tirasse uma fotografia à minha vida, mostraria um miúdo feliz"

07 nov, 2022 - 16:14 • Maria João Costa

Alfredo Cunha é o mais recente fotógrafo a integrar a série PH, da Imprensa Nacional Casa da Moeda. O livro reúne 50 anos de carreira do fotógrafo e conta com textos de António Barreto e David Santos.

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Alfredo Cunha conta 70 anos de vida e outros 50 de carreira. Quando lhe perguntamos o que mostraria uma fotografia que retratasse a sua vida, faz uma pausa pensativa e responde: “Se tirasse uma fotografia à minha vida, essa fotografia mostraria um miúdo feliz”. Assim resume em palavras uma carreira dedicada à imagem que agora está em livro.

O mais recente número da Série PH, editada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda, percorre a obra do fotojornalista, que se sente bem entre artistas.

Esta coleção, editada por Cláudio Garrudo, já dedicou outros volumes a nomes como Helena Almeida, Paulo Nozolino ou Jorge Molder. Agora soma-lhe o trabalho de Alfredo Cunha.

5 Descolonização © Alfredo Cunha
3 25 Abril 1974 © Alfredo Cunha
8 Vila Franca de Xira 1975 © Alfredo Cunha
10 Vila Verde 1999 © Alfredo Cunha

Em entrevista à Renascença, Alfredo Cunha, que começou a trabalhar muito cedo, lembra que sempre foi fotógrafo “antes mesmo de ser jornalista”. “Desde a publicidade, à fotografia comercial, fotografia de produto, fotojornalismo, à fotografia conceptual, a arte está em todas as vertentes da fotografia. Eu não faço a distinção dos artistas. Para mim é fotografia”, explica.

Ele que aceitou constar nesta coleção “exatamente pela abrangência que tem”, e que junta “os grandes fotógrafos portugueses de todas as áreas”, diz nesta entrevista que o desafio para si foi resumir a sua carreira.

Nascido na Beira Alta, em Celorico da Beira, Alfredo Cunha passou por jornais como o Século ou o Público, foi fotógrafo oficial dos presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, e trabalhou, antes, em publicidade.

São da sua autoria retratos de figuras públicas portuguesas bem conhecidas, mas também são icónicos os seus retratos do 25 de Abril ou as fotografias que tirou da descolonização. Estas são, de resto, alguns das fotografias que constam deste livro bilingue e que Alfredo Cunha, reconhece que não poderiam mesmo faltar.

“O 25 de Abril, a descolonização, as guerras em África, a fome, os refugiados, a guerra no Iraque, os retratos, a fotografia da alma portuguesa, a fotografia humanista do Portugal profundo tinha que lá estar”, diz Alfredo Cunha sobre as escolhas feitas para este livro.

Com vários livros de retratos e outros tantos de fotografia publicados, Alfredo Cunha reconhece, no entanto, que não foi fácil escolher. Para tal contou com a ajuda de Cláudio Garrudo, o editor desta coleção.

“Essa é a grande virtude deste livro. Podemos dizer que o menos é mais. A depuração que o Cláudio [Garrudo] conseguiu fazer das minhas fotografias, sem destruir o percurso fotográfico, para mim é fantástico. Eu não o conseguiria fazer. Aliás, sou conhecido por fazer livros grandes e extensos! E acho que é preciso muita fotografia para contar uma história”, admite Alfredo Cunha.

“Nesta coleção, tive de me render ao Cláudio Garrudo, o diretor e editor, e eu, como editor fotográfico que fui, sei bem o que é editar, e o que custa, e de facto, foi um trabalho fantástico e estou orgulhoso dele”, indica o fotógrafo.

Nascido numa família de fotógrafos, Alfredo Cunha sente que não tem idade para se reformar desta que é a sua arte, paixão e profissão. Questionado sobre a sua carreira, brinca dizendo: “Acho que a fotografia traz-nos longevidade”.

Aos 70 anos, reconhece: “Agora finalmente sei alguma coisa, queria agora começar a minha carreira”. Retirado das lides diárias de jornalista ou fotógrafo presidencial, Alfredo Cunha sente-se cheio de energia e vontade de continuar a trabalhar.

“Estou a começar, tenho vários projetos e estou a fazê-lo. Não digo isto por falsa modéstia. O meu avô era fotógrafo, o meu pai era fotógrafo, eu comecei como fotógrafo comercial, percorri todas as áreas da fotografia. Acho que encerrei esse capítulo e estou a rever e revisitar o meu trabalho e a editar e continuo a fotografar e a fazer coisas novas. Neste momento estou com 3 projetos novos. Tenho 70 anos e estou com trabalho até aos 80!”

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