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Cinema

Filme de "Mamonas Assassinas" retrata banda que partiu precocemente mas permaneceu imortal

19 jun, 2024 - 13:20 • João Malheiro

Longa-metragem retrata todo o percurso da banda, desde a sua formação, até ao acidente de viação que vitimou os artistas.

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O filme sobre os "Mamonas Assassinas" estreia esta quinta-feira, em Portugal, depois de ter sido um sucesso de bilheteira no Brasil.

A banda brasileira tornou-se um fenómeno durante a década de 90 por causa do seu rock humorístico e performances ao vivo.

A nova longa-metragem, realizada por Edson Spinello, pretende retratar os momentos que antecederam a formação do grupo e percorrer todo o percurso dos artistas até ao momento do trágico acidente de viação, em 1996, que vitimou os artistas.

A narrativa começa alguns meses antes da formação do grupo e vai até ao momento do trágico acidente de viação, em 1996, que vitimou os artistas.

Apesar da morte prematura, os Mamonas Assassinas mantiveram-se na consciência coletiva e são hoje ainda uma banda de culto recordada com carinho por muitos fãs. Tudo graças a um percurso artístico improvável, de altos e baixos.

Da Utopia ao humor

A banda começou em 1989, quando Sérgio Reoli conheceu Maurício Hinoto numa empresa que produzia máquinas de escrever. Ao conversarem Maurício contou que o irmão Bento Hinoto tocava guitarra.

Sérgio e Bento decidiram formar uma banda e convenceram o irmão de Sérgio, Samuel Reoli, a tocar baixo. Com Sérgio na bateria, o trio formaram o grupo Utopia, dedicado a covers de bandas brasileiras e, também, algumas canções anglosaxónicas.

Durante um dos concertos, o público pediu aos artistas para interpretarem "Sweet Child o'Mine", dos Guns N' Roses, mas nenhum dos três sabia a letra. Por isso, um elemento da audiência, Dino, subiu a palco para dar uma ajuda. A sua performance foi tão carismática que o resto da banda convidou o improvável cantor a ser vocalista.

Márcio Araújo foi outro nome a juntar-se à banda, mas acabou por a abandonar, mais tarde. Júlio Rasec foi o último elemento a juntar-se, fechado o alinhamento.

A carreira dos Utopia nunca conseguiu alcançar muito reconhecimento. O grupo tinha dificuldades em garantir atuações em recintos de maior gabarito e o único álbum gravado tinha sido um fracasso comercial.

Com o tempo, os músicos aperceberam-se que as brincadeiras e as músicas que cantavam em jeito paródia durante os ensaios recebiam uma boa resposta por parte do público. Pouco a pouco, foram integrando algum humor dentro dos espetáculos e chegaram à conclusão que era preciso mudar o perfil da banda para longe das covers e abraçar o humor.

A gravação de uma demo que continha as canções "Pelados em Santos", "Robocop Gay" e "Vira-Vira" foi o grande ponto de viragem, aproveitando para mudar o nome da banda para "Mamonas Assassinas", em 1995. Captaram a atenção da produtora EMI e, depois de assistir a um concerto ao vivo, o diretor artístico aceitou oferecer um contrato à banda.

Nesse ano, foi lançado um álbum homónimo a 23 de junho de 1995. As músicas mantiveram o toque humorístico e políticamente incorreto, o que levou a um grande sucesso entre os públicos mais novos. O disco acabou mesmo por ser um sucesso comercial e lançar a banda numa tour que foi promovida em vários programas de televisão.

O acidente

Em 1996, os Mamonas Assassinas preparavam uma tour internacional. Um dos países perfilados para receber a banda era Portugal e havia mesmo um voo agendado para o dia 3 de março.

No entanto, no dia anterior, todos os elmentos do grupo morreram num acidente de avião. Ao regressarem de um espetáculo em Brasília para São Paulo, o jato que transportava a banda colidiu contra a Serra a Cantareira - um local onde já ocorreram vários acidentes de viação.

O local era de difícil acesso, o que levou à demora das operações de socorro. Quando chegaram aos escombros, as autoridades declararam o óbito das nove vítimas que iam a bordo.

A banda foi enterrada a 4 de março de 1996, no cemitério do Parque das Primaveras, em São Paulo. O funeral contou com a presença de mais de 65 mil fãs da banda, foi transmitido em canal aberto, levando à interrupção da programação diária das televisões e houve mesmo escolas que, por luto, cancelaram as aulas nesse dia.

A morte precoce, no auge, levou a uma imortalização do único álbum produzido pelos Mamonas Assassinas. A sua irreverência em palco, os fãs de todas as faixas etárias e as críticas sociais das canções fizeram com que, quase três décadas depois, a banda seja ainda hoje recordada por grande parte do público brasileiro.

Em 2023, sai no Brasil um filme biográfico realizado por Edson Spinello, com base num argumento por Carlos Lombardi.

O vocalista Dinho é interpretado pelo ator Ruy Brissac, que já fez o papel do cantor no musical sobre a banda. O quinteto conta ainda com Beto Hinoto, no papel de seu tio Bento, guitarrista da banda; Rhener Freitas como o baterista Sérgio Reoli; Adriano Tunes assume o papel do baixista Samuel Reoli; e Robson Lima interpreta Júlio Rasec, responsável por teclado, percussão e vozes, na banda.

O filme foi um sucesso comercial. Em pouco mais de uma semana, tinha sido visto por mais de 500 mil espectadores. Foi a maior abertura de produção nacional no Brasil desde o início da pandemia da Covid-19. As críticas foram menos favoráveis, com muitas avaliações negativas à realização e à qualidade da produção. Contudo, o elenco foi elogiado pela forma como interpretou os músicos icónicos.

"Mamonas Assassinas: O Filme" estreia esta quinta-feira, nas salas de Cinema portuguesas. Mais tarde, deverá haver uma versão do filme em formato minissérie, que terá transmissão no canal Record.

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