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As marés tentaram, mas ninguém travou o fogo de artifício no São João

24 jun, 2024 - 06:30 • Carolina Paredes

O espetáculo de pirotecnia esteve em risco devido às marés, mas o lançamento do fogo acabou por ser movido para a Alfândega.

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Ainda os balões de São João não sobrevoavam a cidade do Porto, já se fazia a festa na Casa do Roseiral, onde se reuniram o autarca da Câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

À chegada do jantar oficial, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou não ter marcado presença na cidade de Braga, onde também se celebra o São João, mas revelou-se muito contente por estar na “magnífica” cidade do Porto.

Já Luís Montenegro desejou que as ruas se enchessem “de alegria”, algo que para o primeiro-ministro faz parte da identidade portuense. Mas os assuntos políticos não saíram da agenda e Montenegro só soube da presença do líder do PS nas celebrações de Vila Nova de Gaia aquando da chegada ao jantar.

Foi desta forma que disse compreender o escrutínio da oposição ao Governo, mas disse que lhe “cabe fazer o que não foi feito nos últimos oito anos, que é governar”.

Durante o jantar, a maior preocupação foi o fogo de artifício, mas com o ajuste do espetáculo para a Alfândega, por parte da capitania do Douro e da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, as mais altas figuras do Estado português juntaram-se para ver o espetáculo de 16 minutos.

No final, foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa a dar explicações sobre os constrangimentos das marés provenientes do oceano Atlântico, que estavam a afastar as jangadas do local onde tinham sido alicerçadas. Por norma, o fogo é lançado junto à zona ribeirinha e ponte Luiz I.

A notícia do reajuste para a Alfândega não esmoreceu, contudo, o espírito festivo dos portuenses. E não só, português não foi a única língua ouvida pelas ruas do Porto. Em cada esquina se ouvia a convivência entre vários povos de vários pontos do globo.

De martelo na mão, Aline e Silvínio, dois jovens brasileiros que vivem em Portugal há um ano, experienciaram pela primeira vez a magia do São João.

“Parece que tudo vira uma coisa só”, disse Aline sobre a felicidade dos portuenses em festejar os Santos Populares. O casal chegou a comparar o São João do Porto ao Carnaval brasileiro e disseram ainda que “dava uma briga boa” para tentar decidir qual das duas festas seria a melhor.

Sentia-se o cheiro a manjerico, ouvia-se o som dos martelos nas cabeças e a festa continuava. Respirar parecia difícil para quem andava no meio da multidão que parecia cada vez ficar maior, mas ninguém se parecia importar.

O São João no Porto juntou amigos de longa data, presidentes e primeiros-ministros e pessoas de todo o mundo para conhecer a maior festa do Porto.

E pelas ruas da Invicta também passaram três amigos que transcedem fronteiras. Catissilva, que vive em Vila Nova de Gaia, levou Antoine e Rochelle, da França, a conhecerem o que para ela é uma festa sem igual.

O casal francês era de poucas palavras, mas disseram que ficaram encantados com tanta gente “por todo o lado”. No fundo, acharam o São João uma festa muito especial e diferente das restantes celebrações por toda a Europa.

Quem falou mais foi Catissilva, que nem sempre teve a oportunidade de festejar devido ao trabalho. No entanto, para portuense “é sempre bom sentir a energia do porto e ver as pessoas a sair à rua”.

“Só em Portugal é que temos uma festa como esta, não há nada disto no resto da Europa”, disse Catissilva.

A verdade é que a noite de São João é a noite mais longa do ano para quem vive e sente a cidade do Porto e nem a ameaça do fogo de artifício a travou.

Da sardinha à música bem portuguesa, todos os caminhos foram dar à cidade invicta

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