09 out, 2024 - 11:32 • Maria João Costa
Ainda está fresca a memória da madrugada de 26 de agosto em que Lisboa acordou de sobressalto pouco depois das cinco da manhã com a terra a tremer. O novo filme de Rita Nunes que estreia quinta-feira volta a levar-nos para essa sensação do receio de um grande sismo.
“O Melhor dos Mundos” é um filme protagonizado pela atriz Sara Barros Leitão e que conta a história de um grupo de cientistas que em Lisboa, no ano de 2027, apercebe-se de que a cidade pode ser atingida por um sismo de grande magnitude, idêntico ao que destruiu Lisboa em 1755. ~
Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, a realizadora explica que “em 2020 quando estava a escrever o guião” viu uma “notícia que falava de um grupo de cientistas que estava a trabalhar com o Governo português e com a Anacom para instalar sensores ao longo dos novos cabos submarinos de telecomunicação que irão ser substituídos daqui a um ano”.
Esta cabos passarão a ter “sensores que vão permitir várias áreas de investigação científica, uma delas, a Sismologia”, indica a realizadora que partir daí imaginou o guião do filme.
“Vai passar a haver sensores, ou seja, sismógrafos no fundo do Oceano que enviam em tempo real dados sobre o que está a acontecer. Com esses dados a serem analisados em tempo real, se houver um grande terramoto, vamos saber muito rapidamente e vamos ter a noção de quanto tempo é que demorará a chegar a um tsunami à costa de Portugal”, diz-nos a realizadora.
É esta a premissa do filme de Rita Nunes que conta com atores como, além de Sara Barros Leitão, Miguel Nunes, Rui M. Silva, Daniel Viana, Flávia Gusmão, Madalena Almeida, Custódia Gallego ou Inês Vaz.
“Estamos sempre à beira de uma catástrofe”, aponta Rita Nunes que explica que “é um pouco também sobre isso que o filme é”. Foi perante esta vertigem que Portugal foi colocado quando em agosto foi sentido o sismo que acabou por não ter consequências maiores. Ainda assim, a realizadora lembra que foi “uma pequena amostra do que poderá acontecer numa escala maior”.
“No filme fala-se de uma repetição de um grande terramoto”, indica Rita Nunes. “O filme passa-se em 2027, num futuro próximo. Na vida real, um grande sismo tanto pode acontecer amanhã, como daqui a 100 anos ou 200. Não sabemos. Claro que se calhar se a sociedade estiver um bocadinho melhor preparada para o que possa acontecer melhor para todos”, diz a cineasta que conclui “certamente haverá menos mortes e menos feridos, e todos podemos estar um bocadinho melhor preparados”.