24 out, 2024 - 06:48 • Maria João Costa
“Os Papéis do Inglês”, que estreia dia 24 nas salas de cinema portuguesas, é um projeto que o produtor Paulo Branco sentia que devia ao seu amigo e escritor Ruy Duarte de Carvalho.
“Foi um projeto que eu, durante anos, andei a preparar até encontrar os aliados necessários para que se tornasse realidade”, explica em entrevista à Renascença o produtor do filme realizado por Sérgio Graciano.
Baseado na trilogia “Os Filhos de Próspero”, do poeta, romancista e antropólogo Ruy Duarte de Carvalho, o filme tem um lado biográfico do próprio autor que descobre que o seu pai tinha deixado uns papéis sobre um explorador inglês no deserto do Namibe, que o poderiam ajudar a desvendar um mistério ocorrido em 1923.
Com um argumento assinado por José Eduardo Agualusa, o filme conta com os atores João Pedro Vaz, David Caracol, Miguel Borges nos principais papéis. Nas palavras do produtor, o filme é uma espécie de “western” americano.
Paulo Branco conta que o filme “atravessa 70 anos da vida de Angola, de um país imenso e com todas as suas vicissitudes: o colonialismo, a guerra da Independência, o 25 de Abril e a guerra civil”.
No grande ecrã, o espetador vê a região de Namibe filmada em todo o seu esplendor, “onde as tribos nómadas que são ainda a força viva dessa região, vivendo no meio desse deserto, iam refletindo o que se passava na história de Angola”.
“O Sérgio Graciano, que conhece muito bem Angola, tornou-se o realizador essencial para que este projeto tivesse aquela dimensão épica e aventureira que se precisava”, indica Paulo Branco, que espera que este filme se torne “em algo de muito especial da cinematografia portuguesa”.
“Qualquer pessoa que tem uma relação com Angola, ao ver este filme chorará, porque há uma emoção que se consegue transmitir através das imagens e da própria história, que reflete muito bem a relação do Ruy com aquele território e com a dimensão única que Angola tem”, sublinha Paulo Branco.
Foi nas imensas paisagens do sul de Angola que o filme foi rodado. Paulo Branco fala num “desafio” e reconhece que “Os Papéis do Inglês” é uma “daquelas aventuras que justificam continuar esta profissão” de produtor.
A longa-metragem teve exigências também para os atores. “Foi tudo filmado em Angola, no deserto do Namibe. Os atores João Pedro Vaz, Carolina Amaral, Joana Ribeiro, a que se juntaram atores como o Xavier António e a Sandra Gomes, muito conhecidos em Angola, tiveram que se adaptar a viver naqueles espaços”.
“Foi preciso tempo”, indica Paulo Branco, que diz que teve de “comprar tempo” para que Sérgio Graciano pudesse, “sem pressas, filmar esta ficção.”
“Eu tinha que garantir que os atores tinham disponibilidade para lá estar, sem um plano de trabalho específico, que é o que normal agora nas construções cinematográficas. Isso foi essencial” para o filme, conclui Paulo Branco.