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Morreu o fotógrafo Oliviero Toscani, autor das campanhas provocadoras da Benetton

13 jan, 2025 - 10:10 • Redação com Reuters

Olivero Toscani construiu a sua reputação com base na provocação, com campanhas publicitárias que mostravam imagens de uma pessoa a morrer de complicações relacionadas com sida ou as roupas ensanguentadas de um soldado morto na Bósnia, provocando uma controvérsia que ajudou a popularizar a "United Colors of Benetton".

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O fotógrafo italiano Oliviero Toscani, responsável pelas campanhas publicitárias consideradas revolucionárias para a marca de roupa Benetton, morreu esta segunda-feira aos 82 anos após doença prolongada, anunciou a família.

"É com imensa tristeza que anunciamos que hoje, 13 de janeiro de 2025, o nosso querido Oliviero iniciou a próxima viagem", escreveu a família nas redes sociais.

Oliviero Toscani tinha sido internado no hospital de Cecina, na Toscânia, na sexta-feira, em estado grave. Em agosto, revelou que sofria de amiloidose, uma doença rara e incurável que cria depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos, e que tinha perdido 40 quilos num ano.

"Não tenho medo de morrer. Não tenho medo de morrer, desde que não seja doloroso", disse numa entrevista ao jornal de Milão, Corriere della Sera.

Nascido a 28 de fevereiro de 1942 em Milão, norte de Itália, Oliviero Toscani, ficou conhecido, na década de 1980, como diretor criativo da Benetton.

Construiu a sua reputação com base na provocação, com campanhas publicitárias que mostravam imagens de uma pessoa a morrer de complicações relacionadas com sida ou as roupas ensanguentadas de um soldado morto na Bósnia, provocando uma controvérsia que ajudou a popularizar a "United Colors of Benetton".

Deixou a Benetton em 2000, na sequência da polémica causada por uma campanha que incluía imagens de prisioneiros americanos no corredor da morte.

Toscani e o jornalista americano Ken Shulman entrevistaram e fotografaram 26 prisioneiros que aguardavam a execução nas prisões americanas, numa campanha que parecia ser um manifesto contra a pena de morte.

"Utilizo as roupas para levantar questões sociais", disse Oliviero Toscani numa entrevista à Reuters na altura, quando a controvérsia sobre a sua campanha aumentou.

Voltou a trabalhar para a Benetton em 2017, numa tentativa de dar a volta à marca, que tinha sido ultrapassada pela concorrência da "fast fashion". A Benetton terminou a sua colaboração três anos mais tarde, na sequência de comentários de Oliviero Toscani que minimizavam o desastre da queda da ponte Morandi em 2018, que matou 43 pessoas.

Na altura, a ponte em Génova era operada por uma unidade do grupo de infra-estruturas Atlantia, controlado pela família Benetton.

Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reação"

"Detesto a fotografia artística", afirmou Toscani em 2010.

"Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reação, seja ela de interesse, curiosidade ou atenção", disse sobre os trabalhos fotográficos apontados como polémicos.

Várias das campanhas "United Colors of Benetton" foram proibidas em Itália e também em França.

Questionado recentemente sobre qual a fotografia que escolheria se tivesse de destacar apenas uma, respondeu que as várias coleções funcionaram como uma unidade.

"Pelo conjunto e pelo empenhamento, não é uma foto que faz história, é a escolha ética, estética e política", disse.

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