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Morreu David Lynch, realizador de "Twin Peaks" e “Mulholland Drive”

16 jan, 2025 - 18:29 • Ricardo Vieira

Cineasta tinha 78 anos. Mestre do surrealismo, David Lynch recebeu um Óscar Honorário

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Morreu o realizador e argumentista norte-americano David Lynch, conhecido pela série "Twin Peaks" e filmes como “Mulholland Drive”. O cineasta visionário e surrealista, que na década de 90 do século passado deixou Portugal na expetativa para saber quem matou a personagem Laura Palmer, tinha 78 anos.

“É com profundo pesar que nós, a sua família, anunciamos o falecimento do homem e do artista David Lynch”, anunciou ao mundo um comunicado divulgado na conta de David Lynch no Facebook.

“O mundo fica com um grande vazio, agora que ele não está mais connosco", escreve a família.

"Mas, como ele diria: 'Fique de olho no donut e não no buraco'”, recordam os familiares de David Lynch, que tinha revelado o ano passado que lhe tinha sido diagnosticado um enfisema.

Nascido a 20 de janeiro de 1946, em Missoula, no estado do Montana, Lynch foi também músico e artista plástico, mas foi sobretudo reconhecido pelo trabalho em cinema e televisão.

A revista "Variety" considera que David Lynch "radicalizou" o cinema americano "com uma visão artística sombria e surrealista" em filmes como “Blue Velvet”, “Mulholland Drive”, “Lost Highway”, "Dune" e a série televisiva “Twin Peaks”.

Lynch foi nomeado por três vezes para o Óscar de Melhor Realizador, com "O Homem Elefante", em 1981, “Blue Velvet”, em 1987, e "Mulholland Drive", em 2002, e por uma vez para o Óscar de Melhor Argumento Adaptado, com "O Homem Elefante", mas nunca venceu. Em 2020, a academia de Hollywood atribui-lhe um Óscar Honorário.

Em Cannes, David Lynch conquistou a Palma de Ouro em 1990, com "Um coração selvagem", e o prémio de melhor realizador em 2001, com "Mulholland Drive", considerado a sua obra-prima. O Festival de Veneza deu-lhe o Leão de Ouro de carreira em 2006, ano de produção da sua derradeira longa-metragem, "Inland Empire".

"Twin Peaks" foi transmitido em Portugal pela RTP, no início da década de 90 do século passado. A série de culto, com um argumento e realização à frente do seu tempo, deixou os portugueses na expetativa para saber quem matou a personagem Laura Palmer.

Os trabalhos de David Lynch mesclavam elementos de film noir, terror e surrealismo europeu, com segmentos de grandeza visual e imagens de sonhos.

“Um filme ou uma pintura, cada coisa tem seu próprio tipo de linguagem e não é certo tentar dizer a mesma coisa em palavras. As palavras não estão lá”, afirmou o cineasta ao jornal "The Guardian", em 2018.

Lych dizia que não se interessava apenas pela história, mas também no ambiente do filme, definido pelos elementos visuais e pelo som.

“O seu olho para os detalhes absurdos que dão uma a cena um relevo chocante e seu gosto por material arriscado, muitas vezes grotesco, fizeram dele, talvez, o excêntrico mais reverenciado de Hollywood, uma espécie de Norman Rockwell psicopata”, disse o jornal "The New York Times", em 1990.

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