17 jan, 2025 - 10:35 • Maria João Costa
É um catálogo maioritariamente feminino aquele que o Grupo editorial Penguin Random House se propõe a publicar em Portugal até julho deste ano. À cabeça duas novidades, os novos livros de Elizabeth Strout e Leïla Slimani.
Strout, que virá a Portugal este ano, apresenta já a 3 de fevereiro “Conta-me tudo”. A escritora americana, uma das mais premiadas da atualidade, escreve um romance onde o leitor vai encontrar “uma reunião de família das principais personagens da autora”, explica Clara Capitão na apresentação esta quinta-feira, na Brotéria, em Lisboa.
Já Leïla Slimani lançará a 12 de maio “Levarei a chama comigo”, a obra que encerra a trilogia que dedicou à história da sua família. Numa obra traduzida pela escritora Tânia Ganho, Slimani aborda a história da geração mais nova. Mia e Inès nasceram em Marrocos, tal como a autora. Mas esta é uma obra passada em Paris e que inclui também “os atentados contra o Bataclan”, explicou a editora.
Além destes dois livros, a chancela Alfaguara publicará também “Os filhos do mar alto” de Virginia Tangvald, com tradução de Inês Fraga. Trata-se de “uma autobiografia onde a ficção se mistura”, indicou Clara Capitão. Este romance de “auto descoberta” gerou também um documentário já que retrata a procura que a autora fez sobre a história da vido do seu pai, um “célebre aventureiro que circum-navegou o mundo”.
Numa altura em que a Penguin Random House anuncia a entrada de Clarice Lispector - a escritora brasileira de origem ucraniana - no catálogo da Companhia das Letras, foram apresentados os quatro primeiros títulos a publicar. Desde o primeiro romance “Perto do coração selvagem” que Clarice escreveu aos 23 anos, até “Um sopro de vida” publicado em 1978, passando pelo célebre “A Paixão segundo G.H.” e “Água viva”.
Estes livros com uma edição gráfica cuidada sairão com textos de Susana Moreira Marques, Pedro Mexia, Carlos Mendes de Sousa e Joana Matos Frias, respetivamente. Para o outono, a Penguin anuncia a edição de um inédito de Clarice Lispector em Portugal. A ideia, explicou a editora é, com estas novas edições, “chegar a um público diferente e mais jovem”.
Na chancela Companhia das Letras foi ainda anunciado o primeiro livro de auto ficção de poetisa Margarida Ferra. A editora Madalena Alfaia explicou que “Saber perder”, que sairá a 3 de fevereiro, é “um livro urbano, feminino e contemporâneo”, que conta a história de uma mulher na cidade de Lisboa e que procura um lugar de escrita, ao mesmo tempo que se questiona sobre a forma como são feitas as coleções.
Além do romance de estreia de Ana Cláudia Santos, “Lavores de Ana”, e do romance “Humanos Exemplares”, da brasileira Juliana Leite, a Companhia das Letras vai também editar em março “Filho do pai”, uma obra autobiográfica de Hugo Gonçalves, e o regresso à literatura de Ricardo Adolfo com “A Chefe dos maus”. Do Brasil chegará no final de maio o novo romance de Jeferson Tenório, “De onde eles vêm”.
O catálogo da chancela Elsinore é também ele maioritariamente feminino. Em março sairá o novo livro de contos da escritora portuguesa Cláudia Andrade, “A Ressurreição de Maria”; em abril será editado “Isto não é Miami”, o primeiro livro da mexicana Fernanda Melchor que venceu em 2024 o prémio Correntes d’Escritas. Já em maio sairá o livro com que Tatiana Salem Levy se estreou em 2008 intitulado “A Chave de Casa”, e com que recebeu o Prémio São Paulo de Literatura.
As cantoras portuguesas Rita Redshoes e Capicua também terão novos livros. Na chancela Suma sairá em março “Crescer à sombra”, um livro em parte autobiográfico de Rita Redshoes, explicou a editora, e que conta a história de Marta, uma menina de 9 anos que vive no campo. Já a rapper Capicua lançará em abril, com ilustrações de Matilde Horta “As férias do primo caracol” (ed Nuvem de letras), uma fábula sobre a crise da habitação entre bichos.
A Suma editará ainda duas outras autoras, a italiana Silvia Avallone com “Coração Negro”, um fenómeno de vendas que esteve 24 semanas na lista dos best sellers, e a britânica Clare Leslie Hall com o livro “Broken Country”.
Na chancela Iguana, o destaque vai para a celebração dos 75 anos de Snoopy. O cão criado por Charles M. Schulz faz anos e a editora vai publicar “Volta, Snoopy!”, uma seleção de tiras dos clássicos da Peanuts publicadas em diferentes jornais entre 1962-1965.
Na chancela Objetiva sairá em junho “Privilégio Negro” de Gisela Casimiro, uma obra sobre o racismo em Portugal escrito a partir da experiência da autora e ativista nascida na Guiné-Bissau e que vive em Portugal.
Em maio e pela chancela Vogais chegará ao mercado “Um jogo bonito”, uma obra que dá a conhecer na primeira pessoa a história do antigo treinador do Benfica, o sueco Sven-Göran Eriksson e que conta com tradução de Leonardo Cascão.