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Ciência

Astrofísicos portugueses descobrem "Superterra" com condições teóricas para ter vida

28 jan, 2025 - 23:33 • Marisa Gonçalves , com Lusa

A descoberta do planeta HD 20794 d "representa um avanço significativo na busca por vida no Universo".

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Sérgio Sousa, professor e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço
“Estamos a trabalhar noutros instrumentos para tentar explorar a possibilidade deste planeta ter uma atmosfera que possamos detetar e caracterizar", diz investigador Sérgio Sousa

Uma equipa internacional de astrofísicos, incluindo portugueses, descobriu um planeta fora do Sistema Solar a uma distância da sua estrela que o torna teoricamente com condições de albergar vida tal como se conhece.

A descoberta do planeta HD 20794 d, descrita num artigo publicado esta terça-feira na revista científica Astronomy & Astrophysics, "representa um avanço significativo na busca por vida no Universo e é um excelente laboratório que irá permitir à equipa modelar e testar novas hipóteses na procura de vida no Universo", refere em comunicado o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que participou no trabalho com vários investigadores.

O planeta em causa é considerado uma "superterra", por ter uma massa maior do que a massa da Terra, e "cruza a zona habitável" da estrela HD 20794, "uma estrela semelhante ao Sol" a 20 anos-luz da Terra.

A zona habitável de uma estrela é a região em que "as temperaturas são suficientemente amenas para que possa existir água no estado líquido à superfície de um planeta rochoso".

A água líquida é uma condição essencial para a vida tal como se conhece.

Apesar da descoberta promissora, o comunicado ressalva que o facto de um planeta estar na zona habitável da estrela "não é, por si só, garantia que haja água líquida", assinalando que Marte "está na zona habitável do Sol", embora não existam atualmente provas de que o planeta possa albergar vida.

A equipa de astrofísicos detetou o planeta HD 20794 d após analisar dados obtidos de medições das velocidades radiais da estrela-hospedeira feitas durante cerca de 20 anos com dois espetrógrafos instalados em dois telescópios do Observatório Europeu do Sul, no Chile.

Ambos os instrumentos "conseguem medir minúsculas variações na velocidade das estrelas, provocadas pela atração gravitacional dos planetas sobre a sua estrela-mãe", esclarece o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Estudar a atmosfera do novo planeta

A proximidade do novo planeta com a Terra é um fator que facilita as investigações.

Em declarações à Renascença, Sérgio Sousa, professor e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), explica que estão a ser desenvolvidas novas tecnologias.

“Estamos a trabalhar noutros instrumentos para tentar explorar a possibilidade deste planeta, na zona habitável, ter uma atmosfera que possamos detetar e caracterizar. Trabalhamos na construção de um instrumento para o ELT [Extremely Large Telescope] do ESO [Observatório Europeu do Sul]”.

O investigador acrescenta que “todas as observações são feitas na estrela, mas vamos tentar perceber como é que o planeta interage com a estrela, por exemplo, quando ele passa à frente da estrela”.

O Observatório Europeu do Sul é um consórcio internacional que inclui o IA. Em junho de 2024 foi assinado um acordo para a construção do espectrógrafo ANDES (ArmazoNes high Dispersion Echelle Spectrograph), um potente aparelho a ser instalado no maior telescópio da próxima geração, o ELT do ESO, instalado no deserto do Atacama, Chile.

O instrumento ANDES será utilizado para procurar sinais de vida em exoplanetas, os planetas fora do sistema solar.

[notícia atualizada]

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