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Cinema

"A Semente do Figo Sagrado" usa a ficção para protestar contra a realidade no Irão

30 jan, 2025 - 09:30 • João Malheiro

Mohammad Rasoulof e parte do elenco e da equipa de filmagens conseguiram fugir às autoridades iranianas e foram acolhidos na Europa, onde puderam assistir à estreia do filme no Festival de Cannes.

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"A Semente do Figo Sagrado" sai esta quinta-feira nas salas de Cinema portuguesas, chegando com o peso de ser candidato à vitória do Óscar de Melhor Filme Internacional.

Realizado por Mohammad Rasoulof, a longa-metragem fala de Iman, um homem que acaba por ser nomeado juíz e vê-se obrigado a sentenciar pessoas à morte, sem avaliar as provas justamente.

As exigências da sua carreira profissional colidem com as duas filhas feministas e uma sociedade cada vez mais à beira da revolução.

Uma crítica evidente ao regime do Irão que foi aclamada pela crítica, mas que quase levava à detenção do cineasta que a fez. Depois de fugir do seu país, devido a uma sentença de oito anos de prisão por se recusar a evitar a estreia do filme, conseguiu chegar a uma embaixada da Alemanha, que o acolheu e garantiu a sua segurança, assim como de grande parte da equipa e elenco que gravaram a produção.

Mohammad Rasoulof foi acolhido em Cannes para exibir o seu novo filme que fala de verdades inconvenientes que o regime do seu país não quer ouvir. A empresa alemã Films Boutique acabou por assumir os encargos de distribuição do filme, o que permitiu à Alemanha assumir o filme como o candidato do país aos Óscares.

No Festival de Cannes, recebeu o Prémio Especial do Júri. Em Portugal, a estreia aconteceu há alguns meses, numa sessão no âmbito do Festival LEFFEST, acabando por ser premiado com o Grande Prémio do festival.

Considerado uma das vozes do cinema iraniano de oposição ao regime conservador islâmico de Teerão, juntamente com cineastas como Jafar Panahi e Saeed Roustaee, Mohammad Rasoulof já tinha estado preso anteriormente, por causa dos filmes que realizou. Em 2020, o festival de Berlim atribuiu-lhe o Urso de Ouro pelo filme "O Mal Não Existe", na ausência do realizador, detido pelas autoridades acusado de "conluio contra a segurança nacional e propaganda contra o sistema".

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