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O teatro depois da catástrofe. Como se reconstrói uma criança

31 jan, 2025 - 21:17 • Maria João Costa

A peça “Aruna e a Arte de Bordar Inícios” sobe sábado e domingo ao palco do Pequeno Auditório do CCB. A criação de Ainhoa Vidal mostra como só com a ajuda de outros é que recuperamos de uma catástrofe.

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Como é que se volta à vida depois de uma catástrofe? A interrogação despertou na cabeça da criadora Ainhoa Vidal a semente para uma peça de teatro para crianças. “Aruna e a Arte de Bordar Inícios” está em cena este fim-de-semana, no Pequeno Auditório, do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, Ainhoa Vidal explica que se trata de um “teatro de sombras”. A peça para maiores de 6 anos tem como personagem central uma criança de 10 anos.

Aruna “perde a gravidade como consequência daquilo que está a viver”, explica a artista. Esta criança viveu uma catástrofe e o espetador assiste em simultâneo à “construção de uma cidade e à reconstrução desta criança de 10 anos”.

Esta é por isso uma peça que fala de “coragem”. Aruna tenta “voltar a encontrar a gravidade” para poder voltar a pôr os pés no chão. Essa suspensão que vive é uma metáfora das dificuldades perante as quais a vida a coloca.

Ainhoa Vidal conta que “é um espetáculo que ao mesmo tempo que lida com as mortes que nos acontecem, lida, também e sobretudo com a coragem de voltar a levantar e trabalhar para voltar a ver a vida acontecer”.

Tudo isto “é contado de uma forma muito doce e gradual”, indica a criadora, que contou com a participação de Pedro da Silva Martins nas letras e composições.

“Vemos a criança e a cidade voltarem a levantar-se e a encontrarem os contornos de uma vida que perderam, mas que podem voltar a ganhar graças ao esforço e trabalho de todos, em equipa, enquanto sociedade”, acrescenta.

“Aruna e a Arte de Bordar Inícios” é também um espetáculo que nasceu de um trabalho de equipa, sublinha Ainhoa Vidal. Além de Pedro da Silva Martins, a peça conta, por exemplo, com a fadista Aldina Duarte, Nazaré da Silva e Theo Vidal nos coros.

Questionada pelo Ensaio Geral se criou este espetáculo para lidar também com os seus lutos e catástrofes pessoais, Ainhoa Vidal diz a sorrir que as suas “catástrofes foram sempre, não felizes, mas cheias de uma nova vida”.

“Aquilo que vivi foi sempre muito positivo e não posso deixar de agradecer por aquilo que vivi. Ao refletir sobre isso, sobre como cada um ultrapassa as suas catástrofes e ver que não me deixei cair, e não deixei cair os que estão comigo, veio a necessidade de fazer este espetáculo”, conta.

Como “Aruna e a Arte de Bordar Inícios”, Ainhoa Vidal quer “refletir sobre como não se cai, mas sim, como se constrói e se fica em pé” perante acontecimentos que abalam a vida. A peça está em cena no CCB sábado às 19h00 e no domingo às 16h00.

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