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Carlos Paredes. Centenário do "guitarrista da guitarra portuguesa" com biografia e concertos

05 fev, 2025 - 19:21 • Maria João Costa

Um concerto com 200 cantores e músicos no Convento de São Francisco, em Coimbra, e a edição de uma biografia são alguns dos marcos das comemorações dos 100 anos do nascimento do guitarrista Carlos Paredes.

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É com um concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção do maestro Pedro Neves, que começam oficialmente, esta quarta-feira, as comemorações do centenário do nascimento de Carlos Paredes.

O concerto, marcado para as 20h00 no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, integra um vasto programa intitulado “Variações para Carlos Paredes”, que conta com mais de uma centena de concertos, colóquios, filmes, oficinas e um plano de salvaguarda e divulgação da obra de Paredes.

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A anteceder este momento, na segunda-feira, foi lançada uma biografia de Carlos Paredes, da autoria de Dina Soares. O livro, “Carlos Paredes - Nome de Guitarra”, editado pela Glaciar, foi apresentado por Rui Vieira Nery e Luísa Amaro, na Livraria da Travessa, em Lisboa.

Segundo a autora, esta biografia, contruída com base em “muitas entrevistas” a “amigos que não esquecem Carlos Paredes” e alguma pesquisa documental, apresenta o artista cuja “arte revelava uma grande verdade”.

Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, Dina Soares avança algumas das histórias que a biografia contém: “Ele era muito individualista. O maestro António Vitorino de Almeida, que gravou um disco com ele conta, que não trocaram uma palavra antes de começar a gravar o disco, gravaram em estúdios diferentes e nem sequer se viam”.

Carlos Paredes era mestre do improviso. “A Luísa Amaro conta que muitas composições se perderam porque não ficaram registadas”, diz Dina Soares. No lançamento, a guitarrista Luísa Amaro, que acompanhou Paredes, destaca a forma como hoje os jovens músicos estão a interpretar a obra do artista nascido em Coimbra, há 100 anos.

“A maneira como estamos a celebrar Paredes é muito bonita. Há muita gente nova que o está a interpretar e a fazer arranjos para os seus próprios instrumentos. Exemplo disso é o que se vai fazer no dia 16 de fevereiro, na Aula Magna. É tudo gente muito nova e é curioso ouvir Carlos Paredes em cravo ou em gaita de foles. Tudo são contributos para que a música dele não viva como era tocada por ele, mas – como a música tem qualidade – consegue abrir caminhos e inspiração para os mais novos”, explica Luísa Amaro.

200 cantores e músicos e um disco

No próximo dia 15 de fevereiro, o Convento de São Francisco, em Coimbra – terra natal do artista – recebe um concerto que junta 200 cantores e músicos. “100 Paredes” conta com a direção musical do guitarrista Bruno Costa, um coro participativo e uma orquestra comunitária.

Em palco, diz o diretor artístico André Varandas, em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, o público vai ver um espetáculo “multidisciplinar”. “Nós tratamos a obra de Carlos Paredes como ele gostou de o fazer, ou seja, cruzando com outras artes, como o teatro, a dança e cinema.

“100 Paredes” “vai andar em itinerância de norte a sul do país e também no circuito internacional”, explica Varandas. O espetáculo contará com a liderança do maestro Artur Pinho Maria e arranjos assinados pelo compositor brasileiro Rodrigo Morte.

Bruno Costa, que participa no espetáculo, gravou o disco “100 Paredes” em LP, usando a guitarra que Carlos Paredes doou à cidade de Coimbra. O álbum, que será lançado em março, no Museu do Fado, em Lisboa foi gravado nos mesmos estúdios que Paredes usou e “foi gravado com os mesmos microfones e tripés” que o guitarrista teve.

“Para mim, sem dúvida, o Carlos Paredes é ‘o guitarrista’ da guitarra portuguesa e o que mais a dignificou”, sublinha Bruno Costa.

Carlos Paredes morreu, fará em junho, 21 anos. Em dezembro de 1993, o músico, filho do compositor e guitarrista Artur Paredes, foi diagnosticado com mielopatia, doença que o afetou fisicamente impedindo-o de tocar nos últimos anos da sua vida.

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