12 fev, 2025 - 00:42 • Lusa
O célebre artista chinês Ai Weiwei, também uma das mais conhecidas vozes dissidentes contra o regime comunista da China, viu esta terça-feira ser-lhe negada a entrada na Suíça e foi expulso, como o próprio denunciou nas redes sociais.
Ai Weiwei, de 67 anos, chegou ao aeroporto de Zurique na segunda-feira, num voo proveniente de Londres, mas as autoridades alegaram que não podia entrar porque não tinha visto, obrigando o artista a passar a noite no aeroporto antes de ser enviado de volta para o Reino Unido no dia seguinte.
"Disseram-me que isto é a Suíça e não Portugal (onde vive habitualmente). Estou a dormir num banco com um cobertor, à espera de ser deportado de manhã", disse Ai Weiwei na sua conta do Instagram, onde publicou várias fotografias da sua noite no aeroporto.
O porta-voz da polícia de Zurique confirmou à imprensa local que o artista não tinha os documentos necessários para entrar na Suíça, um país do espaço Schengen (que não inclui o Reino Unido).
Ai Weiwei, que é muito crítico do governo chinês, passou três meses no seu país natal em 2011 sob prisão por alegada fraude fiscal, embora grupos de direitos humanos tenham afirmado que a perseguição teve motivações políticas.
Vive exilado em Portugal desde 2019 e já se deslocou à Suíça em várias ocasiões, onde participou em eventos culturais e exposições do seu trabalho.
Nascido em Pequim, na China, em 1957, Ai Weiwei tem desenvolvido o seu trabalho em instalação escultórica, cinema, fotografia, cerâmica, pintura, escrita e já expôs em instituições e bienais em todo o mundo.
O artista viveu fora da China durante 12 anos, nos Estados Unidos da América, na década de 80, tendo regressado ao seu país natal durante 20 anos, mas exilou-se desde 2015.
Nome maior da arte nas últimas décadas chegou a fazer parte da equipa que concebeu o chamado estádio Ninho de Águia, em Pequim, mas tornou-se num forte crítico do regime chinês, em particular na sequência do terramoto que atingiu Sichuan, em 2008.
Nos últimos anos, radicou-se no Alentejo.
Em 2023, recebeu o grau de doutor `honoris causa` pela Universidade de Évora, que o distinguiu por ser "uma das figuras culturais mais destacadas da sua geração, e um símbolo da liberdade de expressão tanto na China como internacionalmente", sublinhou a instituição, na altura.