13 fev, 2025 - 17:54 • Maria João Costa
No ano em que Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril se dedica ao tema das primeiras eleições livres, vai realizar uma grande sondagem sobre a descolonização portuguesa. A ideia é aferir como percecionam hoje os portugueses todo o processo, 50 anos depois, e como veem as relações com os países de língua portuguesa.
Na apresentação do programa previsto para 2025, a comissão liderada pela historiadora Maria Inácia Rezola anunciou que a sondagem será coordenada pelo investigador António Costa Pinto. Os resultados serão apresentados publicamente através da página da comissão.
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Neste ano, a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril irá também lançar uma campanha. “Memória Presente: Antes, Durante e Depois de Abril” vai decorrer até 2026 e pretende recolher testemunhos sobre como a "Revolução dos Cravos" mudou o país e a vida daqueles que a viveram.
Ao longo do ano estão também previstas outras iniciativas. Desde logo uma exposição que assinala a temática deste ano das comemorações. “Haverá Eleições. 50 anos das eleições para a Assembleia Constituinte” é uma mostra que abrirá a 22 de abril, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Com a curadoria do politólogo Pedro Magalhães e da cineasta Catarina Vasconcelos, a exposição irá mostrar o que foram estas eleições, onde “92% dos inscritos votaram”, sublinhou Rezola na apresentação. “É a exposição central deste ano”, indicou a comissária.
Na apresentação, que decorreu esta quinta-feira na Escola Superior de Música, em Lisboa, Pedro Magalhães explicou o “simbolismo” de realizar esta exposição na Gulbenkian. “Foi na Fundação que foi feita a emissão da noite eleitoral, com 23 horas de duração”, explicou.
“A Fundação Gulbenkian acolheu de tal forma esta iniciativa que fará um documentário sobre essa noite que será realizado por Cláudia Varejão”, indicou o curador desta mostra que terá seis núcleos.
Foi também anunciado que o realizador Sérgio Tréfaut vai comissariar uma exposição de fotografia que reúne mais de uma centena de imagens registadas pelos fotógrafos internacionais entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975.
“Venham Mais Cinco” reúne fotografias captadas por nomes como Sebastião Salgado, Guy le Querrec ou Jean-Paul Paireault, mas também imagens dos arquivos de agências internacionais como a Magnum, a Sigma ou a Contact.
Uma das iniciativas apresentada esta quinta-feira pelo jornalista Adelino Gomes foi a sessão de escuta coletiva que será apresentada no dia 25 de Abril, às 18h00, em Lisboa. O repórter, que relatou a madrugada do 25 de Abril, trabalhou com Isabel Meira e André Cunha no tratamento dos sons da reportagem.
“Encontramos as bobines”, explicou Adelino Gomes. Não são ainda todas, mas são uma parte do relato desse dia e que reúne as reportagens gravadas pelo jornalista e por Paulo Coelho e Pedro Laranjeira no eixo entre o Terreiro do Paço e o Largo do Carmo.
“Ouvir aquilo que foi para o ar na madrugada de 26 e 27 de abril é regressar ao 25 de Abril e a um novo tempo de Portugal que viveu 48 anos de ditadura”, apontou emocionado Adelino Gomes, que usou a palavra “Revolução” pela primeira vez, às 10h00 do dia 25 de Abril.
Para assinalar os 50 anos do 25 de Novembro de 1975, a comissão preparou uma exposição itinerante. “25 de Novembro, 50 anos depois” conta com a curadoria de Aniceto Afonso, António Costa Pinto, António Araújo, Fernando Rosas, Luísa Tiago de Oliveira e Rui Bebiano. As montagens serão disponibilizadas a partir de setembro.
“A pensar nos mais jovens”, explicou Maria Inácia Rezola, será lançada uma campanha #TensPoder nas redes sociais com testemunhos e uma banda sonora original que conta com a participação de Carolina Deslandes e um grupo de jovens artistas com idades entre os 12 e os 18 anos.
Ao longo do ano haverá ainda vários colóquios e publicações. Para 26 de fevereiro, está agendado na Casa da Imprensa um debate em torno da Lei da Imprensa, com a participação de José Pedro Castanheira, Alberto Arons de Carvalho e João Garcia.
No dia 25 de novembro decorrerá também um colóquio sobre o “25 de Novembro, 50 anos depois”. Entre os dias 17 e 19 de julho, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa terá lugar um colóquio internacional com o título “Independências Africanas e Revoluções Anticoloniais no Sul Global: História, Processos, Legados e Memórias”.
No balanço das atividades de 2024, Maria Inácia Rezola começou por recordar a operação “Viragem histórica” em que a Câmara Municipal de Santarém fez a reconstituição da coluna militar que rumou, na madrugada de 24 de abril de 1974, a Lisboa.
Foram também destacadas várias exposições entre elas “Ás armas ou às urnas” e “MFA o movimento das Forças Armadas”. “O trabalho da comissão foi apenas uma gota de água. Ficamos com a sensação de que ninguém quis ficar de fora”, concluiu a comissária.