19 fev, 2025 - 21:01 • Maria João Costa
Daniel Mordzinski quis contar a história do seu amigo Luis Sepúlveda em imagens. Na exposição “Mundo Sepúlveda”, inaugurada esta quarta-feira na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim, reuniu imagens que retratam mais de 30 anos de amizade e cumplicidade de trabalho com o autor de “O Velho que Lia Romances de Amor”.
Depois de já ter editado um livro com o mesmo nome, Mordzinski quis acrescentar mais imagens à história da vida que partilhou com o escritor chileno que morreu há cinco anos e que era presença assídua no Festival Correntes d’Escritas.
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Na exposição, disse à Renascença o “fotógrafo dos escritores”, como é conhecido, procurou mostrar “todos esses mundos Sepúlveda, desde o cinematográfico, ao literário e ao familiar”.
“É impossível reduzir a um número a quantidade de fotografias que fiz do Luis”, desabafa Mordzinski, que partilhou muitos projetos e viagens com o autor que morreu vítima de covid-19.
Nas paredes da biblioteca estão imagens de Luis Sepúlveda na cozinha, ou rodeado de amigos escritores, abraçado à sua mulher, a poeta Carmen Yáñez, ou com o seu editor Manuel Alberto Valente.
São, contudo, imagens onde não se vê o escritor a ser escritor, ou seja, a escrever. “Sempre acreditei que a melhor maneira de retirar o escritor da sua pose encartada de escritor é propor-lhe uma nova pose”, explica Daniel Mordzinski.
“Assim como nunca retrataria um pianista sentado ao piano a tocar, penso que as imagens dos momentos íntimos são muito mais interessantes do que as imagens de um escritor a escrever”, sublinha o fotógrafo, que fala de Sepúlveda com saudade.
A exposição na Biblioteca Rocha Peixoto é também um tributo da cidade da Póvoa de Varzim a Luis Sepúlveda, ele que foi um dos autores que participava no Festival Correntes d’Escritas desde a primeira edição.
“Ele era muito feliz sempre que se aproximava fevereiro e tinha a possibilidade de aqui regressar”, lembra Daniel Mordzinski. Compara as suas vindas à Póvoa como a de um cidadão que tem “via verde” para aceder a tudo.
“Ele não precisava de convite. Sabia que esta era a sua casa no mundo durante o mês de fevereiro”, explica o fotógrafo, que olha para o oficio do seu amigo como um lugar de retiro.
“Não há atividade mais solitária do que a de um escritor!”, diz-nos Mordzinski, que não fotografou Sepúlveda a escrever. No entanto, o visitante desta exposição poderá ver aquela que foi a sua primeira máquina de escrever, numa vitrine onde está parte do espólio do autor chileno.
Esta máquina é um dos exemplos do acervo de Sepúlveda que será doado à Póvoa de Varzim para uma casa-museu. Na exposição, além de várias edições traduzidas de Luis Sepúlveda, estão também outros bens.
“Podemos encontrar desde uma fotografia escolar onde vos convido a descobrir quem é o Luis. Até à sua primeira máquina de escrever, a uma t-shirt do salão do livro ibero-americano de Gijon e algumas pequenas peças que pareceram interessantes partilhar”, explica Daniel Mordzinski.