25 fev, 2025 - 20:20 • Redação
Na sexta-feira, dia 28 de fevereiro, vai ser possível observar um alinhamento de sete planetas do nosso sistema solar. Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Urano, Saturno e Neptuno vão estar visíveis a olho nu.
Mas o que causa este fenómeno? Ele é o resultado da combinação das diferentes órbitas dos planetas do nosso sistema solar, quer pela sua distância ao sol, quer pela velocidade com que se movem.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Os planetas do sistema solar orbitam a diferentes distâncias e velocidades. Ora, Mercúrio completa a órbita em 88 dias, o equivalente a um ano, enquanto que Neptuno demora 60190 dias a completar uma única órbita - 165 anos de tempo na Terra. Esta variação faz com que o alinhamento de vários planetas seja um fenómeno raro e especial para todos os que gostam de observar corpos celestes.
José Augusto Matos, astrónomo da Associação de Física da Universidade de Aveiro, explica à Renascença que este fenómeno "não tem qualquer relevância, em termos de ciência".
"Em termos de estudo científico, nós podemos estudar os planetas quando queremos e não é por estarem à mesma hora no céu que vamos dedicar mais atenção aos planetas, no fundo. É mais um fenómeno para nós, aqui da Terra, observadores terrestres, podermos apreciar no céu", diz.
Ao olhar para o céu noturno, não espere ver sete pontos brilhantes alinhados. Não é assim que funciona. José Augusto esclarece: "Eles vão estar na mesma região do céu, ou seja, ao início da noite, por volta das sete, oito da noite, olharmos para o céu, vemos que eles estão visíveis, ao mesmo tempo, no céu. Mas não estão todos juntos, no mesmo conjunto. Mercúrio e Saturno estão os dois muito próximos um do outro, junto ao horizonte a poente, a oeste, mas Vénus, Júpiter e Marte estão mais separados. Não é propriamente um alinhamento."
"As pessoas que quiserem observar, e se tiverem até uma aplicação para o telemóvel que lhes possa dizer em que sítio do céu estão os planetas, vão, de facto, reparar que Marte, Júpiter e Vénus são aqueles que são mais evidentes, são mais brilhantes no firmamento. Os outros dois, Mercúrio e Saturno, passam mais despercebidos", explica o astrónomo.
Quanto a mitos e teorias associadas a este tipo de fenómenos, José Augusto esclarece que este fenómeno não terá qualquer influência na Terra. "Estamos a falar de planetas que estão extremamente longe. O caso de Saturno está a 1.400 milhões de quilómetros da Terra. Júpiter também está a centenas de milhões de quilómetros da Terra. Aqui, os mais próximos são Marte e Vénus, mas também estão distantes e, portanto, em termos de influência gravitacional sobre a Terra, praticamente não tem uma influência relevante sobre o nosso planeta", diz.
Acrescenta ainda: "O Sol tem um papel importante em termos das marés e a Lua também, porque está aqui perto de nós. São astros que estão no céu que, ou devido à proximidade ou devido ao tamanho, no caso do Sol, têm, de facto, uma influência gravitacional sobre as marés e que podemos calcular isso e saber que influência é essa. No caso de planetas, não. As pessoas podem estar descansadas, que eles não vão fazer nada aqui ao nosso planeta."